Areia feita a partir de rejeitos da mineração traz benefícios ambientais
Iniciativa reduz a dependência de barragens e pode ser uma alternativa à areia natural extraída de leitos de rios
Minas Gerais|Do R7 Conteúdo e Marca
O setor de mineração vem apostando na produção de areia extraída dos rejeitos da produção de minério de ferro. Além de reduzir o impacto ambiental da extração do insumo na natureza, a iniciativa ainda reduz a dependência de pilhas e barragens ao dar nova destinação ao insumo na cadeia produtiva.
A mineradora Vale investiu cerca de R$ 50 milhões e fez parceria com mais de 40 organizações, entre universidades, centros de pesquisa e empresas nacionais e estrangeiras, para estudar soluções para o reaproveitamento do rejeito de minério de ferro de suas operações no Brasil. O resultado é a areia sustentável, classificada como não tóxica e de qualidade atestada por laboratórios especializados.
Entre os investimentos, foram destinados R$ 7 milhões para pesquisa de novas aplicações do insumo em pavimentação de rodovias.
A Vale construiu, neste ano, a primeira estrada do Brasil que utiliza em todas as quatro camadas do pavimento a Areia Sustentável proveniente do tratamento do rejeito de minério de ferro. A pista de 425m de extensão na mina Cauê, em Itabira (MG), será monitorada por dois anos com 96 sensores de pressão, temperatura, deformação e umidade.
Testes feitos durante cinco anos em laboratório apontaram que o aumento da vida útil é da ordem de 50% e a redução de custos de 20% quando comparado com materiais mais usados para construção de estradas, como a areia extraída do meio ambiente.
De acordo com Marina Dumont, gerente de Negócios da Vale, o mercado de pavimentação rodoviária oferece boas oportunidades de novos negócios e benefícios para a comunidade. “Promovemos a economia circular nas operações com o reaproveitamento de um material que seria descartado em pilhas e barragens. Cada quilômetro de rodovia pode consumir até sete mil toneladas do rejeito gerado na produção do minério de ferro. Somente no estado de Minas Gerais, temos aproximadamente 250 mil quilômetros de estradas sem pavimentação”, afirma Marina Dumont.
Programa de Economia Circular
De acordo com a FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais), a economia circular gera redução de desperdícios e de custos operacionais, além de ganhos ambientais e econômicos, aumentando a competitividade das indústrias e proporcionando um ambiente mais sustentável.
Pensando nisso, a entidade desenvolve o programa Economia Circular, que foca na extração e utilização de recursos naturais e no descarte de resíduos. O projeto é uma evolução do Programa Mineiro de Simbiose Industrial, iniciado em 2009.
Segundo a FIEMG, a economia circular cria oportunidades de negócios coletivos dentro dos distritos industriais e em suas Áreas de Influência, como regiões próximas ao adensamento de indústrias, onde a FIEMG, em parceria com universidades e associações industriais, identifica oportunidades de recuperação e reuso de recursos entre as empresas e os diversos ciclos existentes na região.
A utilização da areia sustentável é um exemplo de economia circular, segundo a analista ambiental da Gerência de Consultoria para Negócios da FIEMG, Livia Pereira Araujo. A profissional destaca algumas vantagens do aproveitamento do material na pavimentação de estradas. “A aplicação dos princípios da economia circular resultou no desenvolvimento de um coproduto da produção de minério de ferro, criando uma nova fonte de receita e a possibilidade de substituição de uma matéria-prima, a areia natural, tão utilizada na construção civil. Além disso, minimizou os riscos operacionais da empresa ao reduzir a disposição do rejeito de minério de ferro em barragens e criou um negócio alternativo para as regiões em que atua, diversificando a economia local”, afirma Livia Pereira Araujo.