BH tem quase 500 mil obesos em risco de complicação por covid
Médicos alertam sobre cuidados com a saúde que devem ser seguidos pelos quase 20% de moradores da capital mineira que estão acima do peso
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Quase meio milhão de pessoas são consideradas de grupo de risco da covid-19 em Belo Horizonte por estarem obesas. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), os infectados que estão acima do peso tendem a ter sintomas mais graves da doença causada pelo novo coronavírus.
Dados levantados pelo Ministério da Saúde em 2019 mostram que dos 2.375.151 moradores da capital mineira, 472.655 estão nesta condição, o que representa 19,9% da população.
O médico infectologista Dirceu Greco, do Hospital das Clínicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), explica que dois fatores levam estas pessoas à situação de alerta, mesmo que tenham menos de 60 anos.
— O obeso acaba se tornando grupo de risco porque, muitas vezes, ele desenvolve outras doenças, como hipertensão e diabetes. Além disto, a obesidade tem um efeito destrutivo sobre o sistema imunológico.
Um relatório da Prefeitura de Belo Horizonte evidencia a relação destas condições com o impacto do coronavírus na saúde do infectado. O documento com dados do dia 29 de maio mostra que todas as 48 pessoas que morreram com covid-19 na cidade até a data tinham pelo menos uma causa de risco no laudo clínico. Entre elas, a obesidade apareceu em três casos, problemas no sistema imunológico em sete e a diabetes em 23.
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Cuidados
Dirceu Greco alerta que, durante a pandemia, estas pessoas devem redobrar os cuidados e evitar situações que coloquem a saúde em exposição. Isto inclui a realização de cirurgias não consideradas urgentes. No entanto, o especialista destaca que situações graves não podem ser negligenciadas.
— A pandemia não acabou com as outras doenças. Se a pessoa precisa passar por alguma cirurgia ou acompanhamento médico que não esteja relacionado à covid-19, ela deve fazê-lo nos casos de necessidade.
O cirurgião e gastroenterologista Bruno Sander, diretor do Hospital Dia Sander Medical Center, observa que a situação não é diferente para as pessoas que precisam de auxílio médico para perder peso. Nos casos de necessidade, o paciente deve procurar ajuda, mas o especialista avalia que os procedimentos menos invasivos devem ser priorizados.
Como exemplo, Sander cita o uso de balões gástricos. Ao contrário da gastroplastia bariátrica, eles não são procedimentos cirúrgicos e não demandam internação. Na prática, o médico faz uma endoscopia para colocar o balão no estômago do paciente e, uma hora depois, já pode voltar para casa.
Sander explica que o dispositivo ajuda a inibir a fome, reeducar os hábitos alimentares e, consequentemente, alcançar o emagrecimento. Pessoas que têm o índice de massa corporal acima de 27 estão aptas a passar pelo processo.
— O fato de colocar o balão não coloca a pessoa no grupo de risco de covid-19. O que faz isto é o fato de ser obesa. Este procedimento não afeta a imunidade do paciente, já que não há cortes no estômago.
O médico alerta, contudo, que as intervenções não resolvem os problemas do paciente caso o processo não esteja aliado a mudanças de hábito.
— A ideia principal é promover uma reeducação alimentar para tanto perder peso, quanto para manter a balança equilibrada no futuro.