Bondes já foram os principais meios de transporte de Belo Horizonte
Reféns do Ônibus, a nova série da RecordTV Minas, levanta os problemas do transporte público e faz resgate histórico
Minas Gerais|Luiz Casoni, da RecordTV Minas
Os bondes já foram o principal meio de transporte de Belo Horizonte. Há exatos 120 anos, em 1902, o primeiro deles chegou à capital mineira. Na época, o veículo era considerado um transporte de luxo e seu surgimento mudou o cenário do transporte público na cidade.
“Era caro, era uma novidade, então, era uma coisa extremamente elitizada. À medida que foi sendo popularizado e à medida que o carro virou um transporte de luxo, a elite começou a abandonar os bondes e começou a utilizar os carros, e aí a população trabalhadora começou a utilizar os bondes, de fato, como um transporte do dia a dia. Isso mudou esse cenário na capital”, explica a arquiteta e urbanista Flávia Papini.
O auge dos bondes na capital foi no fim da década de 1940, quando os trilhos atingiram 73 quilômetros de extensão, mas esse meio de transporte, que chegou a carregar quase 73 milhões de passageiros em apenas um ano, foi abandonado pelas autoridades.
“Acabou tendo um descaso da prefeitura de manutenção desses bondes. O número de pessoas na capital foi aumentando, mas a gente tinha o mesmo número de bondes lá para 1940 e quase o mesmo número em 1960. Então, acabou que os bondes viviam superlotados, precarizados e não tinham manutenção”, completa Flávia.
Transformação
O professor e pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Roberto Andrés, aponta que a principal pressão para o fim dos bondes em BH está relacionada ao favorecimento da indústria do petróleo. “Esse movimento foi feito no mundo todo e foi exportado dos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Então, a partir desse momento, o modelo passou a ser a estrada, com automóvel, ônibus e queima de combustível fóssil”, diz.
Os bondes podiam transportar 40 passageiros sentados, divididos em 10 bancos e a última viagem sobre trilhos na capital foi em 1963. Desde então, os veículos só podem ser vistos como peças de museu.
“A gente não precisava ter tirado os bondes, mas talvez poderíamos ter inserido na nossa malha também os ônibus e então, ter aqueles dois ali fazendo o transporte coletivo. O fato de ter tirado o bonde talvez tenha nos prejudicado em determinados aspectos do desenvolvimento da capital”, afirma a arquiteta.
Reféns do Ônibus
A RecordTV Minas estreou, nesta segunda-feira (2), uma série de reportagens sobre o transporte público em Belo Horizonte e seus problemas. No primeiro episódio, além de fazer um histórico dos modais na capital mineira, a reportagem apresentou os problemas denunciados pelos passageiros que utilizam o serviço diariamente, a superlotação, os atrasos e a má conservação dos coletivos.
Assista ao primeiro episódio: