Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Casal vive em caverna às margens do rio Paraopeba há dois anos

Principal fonte de renda do casal era a pesca, mas o rio foi contaminado pela lama de rejeitos da barragem da Vale

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7, com Garcia Junior, da Record TV Minas

Casal vivia de pesca no rio Paraopeba
Casal vivia de pesca no rio Paraopeba

Final da segunda década do século 21 e um casal de Mário Campos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, surpreende com o modo como eles vivem. Em situação característica à Pré-História, a casa deles é uma caverna que fica às margens do rio Paraopeba.

O acesso ao local é difícil, mesmo com a escada que Everton, o dono da “casa”, improvisou. O buraco fica em uma formação rochosa. Para ter acesso à entrada, é preciso descer um barranco que, em dias de chuva, fica ainda mais escorregadio. Lá, ele e a companheira não marcam nem mesmo a passagem do tempo.

— Aqui não tem relógio e nada. O nosso relógio é a lua e o sol.

Fogão à lenha foi improvisado dentro da caverna
Fogão à lenha foi improvisado dentro da caverna

Dentro do “imóvel”, alguns móveis simples fazem parte da mobília. Para cozinhar, o casal usa um fogão improvisado. A lenha é encontrada na mata da região. Marlene, mulher de Everton, conta que o local é frio e as cobertas são escassas.


— Eu tenho um edredom também, mas não coloco aqui para não sujar. Tem muita poeira aqui.

Leia também

Com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a 14 quilômetros, o casal perdeu uma das principais fontes de renda: a pesca. Everton costumava pegar peixes no rio Paraopeba, mas a lama de rejeitos espalhada no canal deixou a água imprópria para consumo e matou os aninais aquáticos.


Agora, a única fonte de água que ele e a mulher têm é uma bica que corre na região antes de cair no rio. Marlene conta que vai ao local mais de uma vez por dia para buscar o recurso que é estocado em galões.

— Eu venho muitas vezes por dia para buscar água porque tem que lavar vasilha, fazer almoço e tomar banho.


Casal vive em caverna há dois anos
Casal vive em caverna há dois anos

O casal vive na caverna há dois anos. No dia 25 de janeiro, eles foram “encontrados” por um grupo de policiais que andavam pela margem do rio para alertar pescadores sobre o estouro na barragem de Brumadinho.

Marlene revela que a mudança para uma casa é um sonho dela e do marido e que a Prefeitura de Mário Campos já os procurou oferecendo um aluguel temporário. Contudo, a falta de documentos teria dificultado o processo.

— A Prefeitura de Mário Campos quer nos tirar daqui, pagando três meses de aluguel. Só que eu tenho meus documentos, mas o Everton não tem. Isso dificultou a nossa saída.

A reportagem procurou o executivo municipal para ter detalhes sobre uma possível remoção de Marlene e Everton, mas ainda não teve retorno.

Tragédia da Vale provoca pesadelos e insônia em atingidos por barragem

Veja mais:

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.