Covid-19: paciente com suspeita de variante Ômicron em BH é africana
Mulher de 33 anos viajou de SP a MG, de ônibus, após chegar do Congo; governo estadual monitora demais passageiros
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7, com Record TV Minas
Fábio Baccheretti, secretário de Saúde de Minas Gerais, revelou à reportagem que uma mulher de 33 anos internada em Belo Horizonte com Covid-19 após chegar do Congo é africana. O caso é monitorado como o primeiro e, até o momento, único suspeito no estado de possível infecção causada pela nova variante Ômicron, descoberta originalmente na África do Sul.
De acordo com Baccheretti, a paciente, que não teve a identidade revelada, aterrissou em São Paulo no último dia 20. Na mesma data, ela viajou para a capital mineira de ônibus. Ainda não se sabe o que ela faz no país.
"Em um primeiro momento, todos os contatos que ela veio a ter no ônibus estão sendo identificados e também aqueles com quem ela se relacionou em BH. A Vigilância Estadual, junto com a municipal, está buscando essas informações para que a gente consiga acompanhar, caso a variante detectada seja a Ômicron."
As informações recolhidas pelo governo revelam que a paciente também havia passado pela Turquia antes de chegar ao Brasil. Os sintomas começaram no dia 22, mas ela só procurou atendimento médico neste domingo (28).
"Ela pode ter sido infectada tanto na África quanto na viagem ou no Brasil", avaliou o secretário sobre o possível local de contaminação com base na data em que os primeiros sinais da Covid-19 surgiram.
A paciente está internada no Hospital Eduardo de Menezes, referência estadual em infectologia. A unidade não divulga o quadro dos pacientes. De acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saúde), a mulher não é vacinada contra a Covid-19. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, ela testou negativo para o coronavírus antes de embarcar para o Brasil.
Identificação da variante
O exame capaz de identificar qual é a linhagem do coronavírus que infectou a paciente deve ficar pronto até a próxima sexta-feira (3), segundo informações do Estado. O teste é realizado pela Funed (Fundação Ezequiel Dias), que é um laboratório do Governo de Minas, com apoio do Nupad (Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico), da Faculdade de Medicina da UFMG.
De acordo com o professor Flávio Fonseca, coordenador de um dos laboratórios da UFMG que faz parte da rede de identificação, os cientistas estão dividindo os trabalhos de genotipagem entre os centros de pesquisa parceiros para acelerar as análises e aumentar a precisão dos resultados.
"Usamos três estratégias para fazer a detecção das variantes, que, juntas, conseguem gerar um percentual de identificação muito preciso e, ao mesmo tempo, rápido", explica o pesquisador.
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Até o momento não há casos de Ômicron confirmados no Brasil. Desde esta segunda-feira (29), o país fechou as fronteiras para voos vindos da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Apesar de a variante ter sido classificada como de preocupação pela OMS (Organização Mundial da Saúde), assim como a Delta — que é mais transmissível —, o secretário de Saúde de Minas Gerais avalia que a nova mutação não deve impactar tanto a população brasileira devido à taxa de vacinação em duas doses no país, que já passou dos 70%, o que não ocorreu na África.
"Quando tivemos o surgimento da Delta, que já é a maioria nos casos registrados nos estados, vimos que não teve uma mudança epidemiológica relacionada ao número de internações e óbitos. Percebemos que a vacinação é o ponto mais importante, independente da cepa. Acredito que com a Ômicron vai ser a mesma coisa", disse Baccheretti.
O secretário, no entanto, ressalta que a população deve manter os cuidados de proteção contra a Covid-19, já que ainda não há estudos sobre a capacidade de transmissão e mortalidade da variante sul-africana.
"Esses dados devem ser divulgados daqui a algumas semanas ainda. Temos que insistir que a vacinação é o caminho. Foi ela que fez a variante Delta não causar muitas internações nem óbitos em Minas Gerais", conclui.
Pandemia em Minas Gerais
Dados do Governo de Minas Gerais mostram que 76,71% dos habitantes do estado com 12 anos ou mais (público indicado para a vacinação no Brasil) já recebeu as duas doses do imunizante. A cobertura da primeira aplicação está em 90,60%¨.
A ocupação geral das UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) da rede pública de saúde está em 49,53% no estado. Já os leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 estão com 13,09% de ocupação.
Desde o início da pandemia, 2.208.075 pessoas tiveram a doença em Minas Gerais, sendo que 2.136.265 se curaram. Outras 56.198 morreram.
Veja como anda a vacinação pelo Brasil: