Minas Gerais CPI da Covid de BH pede indiciamento de infectologistas

CPI da Covid de BH pede indiciamento de infectologistas

Relatório final também quer que MP investigue prefeito Alexandre Kalil (PSD) por compra de vale-transporte de empresas de ônibus

  • Minas Gerais | Lucas Pavanelli, do R7

Relatório final será votado nesta quinta-feira (11) na Câmara de BH

Relatório final será votado nesta quinta-feira (11) na Câmara de BH

Divulgação

O relatório final da CPI da Covid, criada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte para investigar as ações da prefeitura no combate à pandemia, vai pedir o indiciamento de dois médicos infectologistas que atuaram no Comitê de Enfrentamento à Covid-19.

Além deles, o documento também pede o indiciamento do secretário de Fazenda, João Antônio Fleury Teixeira; do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada; e do ex-diretor da entidade Daniel Marx Couto.

O relatório também pede que o Ministério Público de Minas Gerais investigue o prefeito Alexandre Kalil (PSD) pelo repasse de R$ 220 milhões a empresas de ônibus como forma de adiantamento da compra de vale-transporte. 

Infectologistas

Na lista de pedidos de indiciamento no relatório assinado pelo vereador Irlan Melo, constam os  médicos infectologistas Carlos Starling e Estevão Urbano. Os dois integraram, junto ao também infectologista Unaí Tupinambás, o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 vinculado à Prefeitura de Belo Horizonte. 

O órgão colegiado se reunia periodicamente para analisar os indicadores da pandemia e sugerir ao Executivo medidas de isolamento social para conter o avanço da Covid-19 em Belo Horizonte. 

De acordo com o relatório do parlamentar, ambos integram os quadros da Ameci (Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções), que "prestou consultoria especializada a escolas particulares durante o enfrentamento da Covid 19, de forma a se adequarem aos novos protocolos e métricas de distanciamento estabelecidas".

Segundo o relatório, a presença dos infectologistas na entidade causa "conflito de interesses". O documento não aponta, no entanto, valores que teriam sido cobrados pelas consultorias. 

Dos dois médicos, apenas Carlos Starling prestou depoimento à CPI da Covid-19. Ele confirmou que pertence aos quadros da Ameci, como membro acadêmico, mas que não recebe nenhuma remuneração pela atividade e não prestou serviço de consultoria a escolas particulares. Já Estevão Urbano nem sequer foi chamado para prestar depoimento à CPI da Covid-19.  

Respostas

A reportagem entrou em contato com Starling e Urbano, que negaram não só terem tido algum lucro como terem realizado alguma consultoria. 

De acordo com Carlos Starling, a acusação é "absurda, caluniosa e de caráter político". 

— Jamais auferimos lucro algum com o trabalho realizado de forma absolutamente voluntária a convite da prefeitura. Quem acusa tem que provar, se não, trata-se de calúnia e difamação, que é crime. Estamos inteiramente disponíveis e abertos a qualquer tipo de esclarecimento.

Urbano disse que foi surpreendido com o relatório. 

— Para mim, é até uma surpresa. Ser indiciado em uma CPI sem sequer ter sido ouvido...

Ele confirmou que, como Starling, faz parte dos quadros da Ameci, uma associação sem fins lucrativos, e desconhece se a entidade realizou alguma consultoria direcionada a escolas particulares. 

 — O objetivo [da associação] é fomentar ensino, pesquisa, aprendizado e conhecimento. Ela não tem fins lucrativos e nunca terá. 

Confira a relação de pedidos de indiciamento

• Célio Bouzada (ex-presidente da BHTrans): advocacia administrativa, falsidade ideológica
• João Antônio Fleury Teixeira (secretário municipal de Fazenda): falsidade ideológica
 Daniel Marx Couto (ex-diretor da BHTrans): falsidade ideológica
 Carlos Starling e Estevão Urbano (infectologistas, membros do Comitê de Enfrentamento à Covid): improbidade administrativa por enriquecimento ilícito

Últimas