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Desde 2021, família não tem notícias sobre padrasto de meninos abandonados em BH

Mãe de Wellington Camelo Gomes diz não acreditar que o filho morreu de Covid-19, como informaram para a esposa dele

Minas Gerais|Pablo Nascimento, Bruno Menezes e Camila Cambraia, da Record TV Minas


Wellington Gomes é pai dos três filhos mais novos de Kátia Robes
Wellington Gomes é pai dos três filhos mais novos de Kátia Robes

A família do padrasto dos garotos abandonados em Belo Horizonte não têm notícias sobre o homem desde 2021. A esposa dele e mãe das crianças, Kátia Cristina Alves Robes, de 30 anos, diz que foi informada que o companheiro morreu de Covid-19, mas não tem detalhes sobre o paradeiro do corpo.

Em entrevista à Record TV Minas, Maria da Conceição, que é mãe do homem, conta que a última vez que conversou com o filho foi há quase dois anos. Na época, Wellington Camelo Gomes ainda morava na cidade de João Pinheiro, a 405 km de Belo Horizonte. Kátia estava grávida do quinto filho, sendo o terceiro com Gomes.

Maria da Conceição conta que Gomes cuidava do terreno de um comerciante da região. Em troca, ele tinha moradia e alimentação para a família. Aos fins de semana, Gomes usava o telefone do chefe para fazer chamadas de vídeo com a mãe.

"Eu via eles no bar do patrão dele. Via a Kátia tomando refrigerante com as crianças e o Wellinton tomando cerveja. As crianças diziam que estavam com saudades", lembra-se a mulher que vive em Valparaíso de Goiás (GO).

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Desde então, a idosa não teve mais contato com o filho ou com a nora. Durante um tempo, ela recebeu ligações de uma mulher que se apresentava como Aline, uma suposta representante do Conselho Tutelar. A mulher teria dito que Kátia havia largado Gomes e fugido com uma suposta namorada.

"Essa menina disse que eu não poderia encontrar meus netos por causa da [pandemia] de Covid-19. Ela dizia que os meninos estavam no orfanato e que iriam ser adotados. Eu disse que não era preciso, porque eles têm avó", conta.

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Gomes era pai dos três filhos mais novos de Kátia. Dentre eles, Emanuel Alves Robes, que morreu aos 4 anos no início deste mês de fevereiro. Kátia foi presa como suspeita de ser responsável pelo óbito do menino que tinha sinais de espancamento. Os dois mais velhos, que foram encontrados sozinhos no apartamento no bairro Lagoinha, em Belo Horizonte, no dia 21 de fevereiro, são de outro relacionamento.

"Teve um dia que ela me disse que os meninos não estavam mais no orfanato e que já estavam com a Kátia e uma namorada dela em um abrigo para pessoas que não tinham onde morar", detalha.

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Maria diz não acreditar na versão apresentada pela suposta Aline. A idosa também não acredita que Gomes tenha abandonado a companheira.

"Durante toda a vida, o Welington e a Kátia ficaram juntos. Não acredito nisso [na culpa da Kátia]. A minha nora não matou o meu neto. Ela cuidava muito bem deles", avalia a idosa que teme que o filho tenha sido assassinado.

Carta

Após ser presa, Kátia escreveu uma carta na cadeia relatando que ela e o marido estavam vivendo em São Joaquim de Bicas, na casa de uma mulher que o casal conheceu na rodoviária de Belo Horizonte e lhes ofereceu emprego.

A dona do terreno seria Terezinha Pereira dos Santos. A advogada Andrezza Araújo, uma das defensoras de Kátia, teve acesso à carta.

"Ela conta que, em certo dia, Terezinha a chamou para ir a Belo Horizonte tirar a segunda via de documentos, levando ela e as crianças para o apartamento onde os garotos foram abandonados. Quando a Kátia retornou, duas semanas depois, sem os documentos, perguntou sobre o marido. Então, a Terezinha disse que Wellington fugiu com outra mulher. A Kátia continuou questionando até que Terezinha disse que ele morreu de Covid-19", conta Andrezza.

Terezinha ainda não foi encontrada. "Ela tem vários nomes. A Kátia a chama de Maria Tereza, mas também é conhecida como Serafina. Ela obrigou todas as pessoas que moravam na casa dela a trocar o nome", detalha a advogada.

Maria da Conceição conta que não sabia que o filho e a nora estavam vivendo na Grande BH. A mulher contou que o filho já foi preso, mas não soube detalhar o motivo da detenção e da mudança de cidade.

Guarda das crianças

A reportagem procurou a Polícia Civil para saber se há informações sobre o paradeiro de Wellington Camelo Gomes e aguarda retorno. Procurados, os Conselhos Tutelares de Belo Horizonte e São Joaquim de Bicas informaram que os filhos de Kátia nunca passaram pelo sistema antes de fevereiro deste ano.

Os dois filhos mais velhos de Kátia, que estavam abandonados no apartamento do bairro Lagoinha, estão internados no Hospital Odilon Behrens, em Belo Horizonte. Os dois mais novos estão sob responsabilidade do Conselho Tutelar de São Joaquim de Bicas desde a morte de Emanuel. Um irmão de Kátia, que é do interior de Goiás, tenta a guarda das crianças.

"Essa história envolve tráfico humano, cárcere privado e exploração infatil. Kátia diz que os filhos dela eram obrigados a fazer trabalho pesado, assim como ela. Para impedir a fuga da Kátia, eles prendiam os filhos dela em um local diferente do que ela ficava. Quando ela tentou fugir, os meninos foram penalizados e agredidos", conta a advogada Andrezza Araújo.

A Polícia Civil informou que investiga o caso, mas não detalhou quem são os alvos da apuração.

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