Dois terços dos pacientes com covid-19 internados em UTI morrem
Estudo promovido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira revela que 46,3% dos intubados precisaram de ventilação mecânica
Minas Gerais|Regiane Moreira, da Record TV Minas
Um estudo da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) aponta que dois a cada três pacientes com covid-19 internados em UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) de hospitais brasileiros não resistiram e morreram pela doença. A pesquisa ainda revela que 46,3% do total de pacientes internados precisaram de ventilação mecânica.
O tempo médio de internação de pacientes infectados pelo coronavírus nas UTIs, de acordo com o estudo, é de 13,2 dias. A maior parte deles (54,3%) tem mais de 65 anos.
Mesmo assim, Carolina Ranyere, médica intensivista, diz que os mais novos também podem ser afetados gravemente.
— Todos estão suscetíveis a terem a covid-19 de forma mais grave, independente da idade, da posição social e das comorbidades. Estou trabalhando com a doença desde o início da pandemia e já presenciei diversos tipo de caso. Pessoas novas tendo um desfecho desfavorável e o contrário também. Não existe regra.
A intubação é necessária quando há diminuição do oxigênio no organismo, o que causa ameaça à vida do paciente. Ela tem sido evitada ou até mesmo adiada pelos médicos, enquanto é possível, pelo risco de sequelas, como explica Carolina.
— A intubação é um processo invasivo, doloroso e com isso vêm as complicações, que tentamos minimizar o máximo possível, mas é um procedimento que o paciente tem o benefício de não passar por ele.
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Volta por cima
Edilson Afonso Costa, de 57 anos, ficou 10 dias na UTI do Hospital São Judas Tadeu, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. O aposentado sinaliza que o pior já passou.
— Querendo ou não deixa uma sequela. Agora estou 99% pronto, só falta melhorar a dor nas pernas.
O homem foi diagnosticado com covid-19 em fevereiro, junto com outras seis pessoas da família. A esposa, a nora e os filhos tiveram apenas sintomas leves. Já Edilson, que não tinha comorbidades, ficou com os pulmões bem comprometidos e precisou ser intubado. Silene Souza, esposa, ressalta que a doença avançou rapidamente.
— Os médicos me falaram que a gravidade do problema era sério, mas acreditavam que ele iria sair bem. Três dias depois, me chamaram na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para avisarem que ele seria entubado.
Sua esposa conta que a família manteve a fé, mas que chegaram a pensar o pior.
— Eu tive muito medo, porque ele fica na gente, por mais orações e fé que se faça, sempre pensamos o pior.