Em áudio, gerente da Vale fez alerta sobre erosão em barragem
Gravação de engenheira da Vale consta em relatório da CPI de Brumadinho e teria sido feita sete meses antes do rompimento da barragem
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7, com RecordTV Minas
Uma gravação mostra que, sete meses antes de a barragem de Brumadinho estourar, a Vale sabia de um problema de erosão na estrutura. O áudio consta no relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Brumadinho, votado hoje na Câmara dos Deputados.
No áudio, que teria sido enviado em junho de 2018, a engenheira Marilene Araújo, que era a gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas da Vale, diz ao então gerente de Geotecnia Corporativa, Alexandre Camapanha, que a barragem B1, em Brumadinho, tinha sérios problemas de erosão e que que a probabilidade de falha estava no "intolerável".
— O modo de falha que aconteceu lá na barragem não foi liquefação. A gente não teve processo de liquefação lá. Lá foi um processo de erosão. Erosão interna. E nós já terminamos a análise de risco da barragem B1, já tá lá no GRG, a probabilidade de falha pra erosão interna 'tá' no intolerável. E há maior probabilidade de falha na barragem. A questão hoje da barragem não é só associada à liquefação, é o próprio modo de construção dela, o material que ela foi construída, e tudo isso.
O relatório final da CPI de Brumadinho pede o indiciamento tanto de Marilene quanto de Campanha, além de outras 20 pessoas, entre funcionários da Vale e da Tüv Süd, empresa que atestou a estabilidade da barragem.
Procurada, a Vale informou que não teve acesso aos documentos da CPI de Brumadinho e considera fundamental que haja uma conclusão pericial técnica e científica sobre as causas do rompimento, antes que sejam apontadas as responsabilidades.