Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Empresários pagariam advogado de ex-chefe da BHTrans, sugere Kalil

Ex-chefe de gabinete da PBH divulgou gravação em que prefeito teria feito as insinuações; Kalil diz que fez apenas suposições 

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Áudio foi divulgado em CPI da Covid-19
Áudio foi divulgado em CPI da Covid-19 Áudio foi divulgado em CPI da Covid-19

O ex-chefe de gabinete da Prefeitura de Belo Horizonte, Alberto Lage, divulgou, nesta quinta-feira (21), um áudio em que o prefeito Alexandre Kalil (PSD), estaria sugerindo que donos das empresas de ônibus que operam na cidade seriam os financiadores da defesa do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada.

A gravação foi revelada durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, que tenta descobrir se Bouzada foi o responsável por articular uma decisão da prefeitura, que repassou R$ 218 milhões às empresas de transporte, sob a alegação de que as companhias estariam com prejuízo em meio à pandemia.

Durante a sessão, Lage explicou que gravou a conversa com Kalil em uma reunião que teve com o prefeito. No encontro, o chefe do Executivo teria falado sobre um possível interesse dos empresários em articular contra o vereador Gabriel Azevedo (sem partido), presidente da CPI da BHTrans, que investiga irregularidades no serviço de transporte.

"Eu falei [com Gabriel]: estão pagando, amigo. Os caras lá estão 'babando' em você", diz Kalil na gravação.

Publicidade

Em depoimento à CPI nesta manhã, Alberto Lage também questionou o fato de Bouzada ser defendido pelo advogado Hermes Guerrero, nomeado, nesta quinta-feira (21), como membro do Conselho de Ética da prefeitura. O grupo é responsável por investigar denúncias contra membros do Executivo Municipal.

"Agora eu realmente não consigo saber até onde o prefeito está envolvido nesta situação", afirmou Lage.

Publicidade

Ainda durante a CPI, Célio Bouzada negou as acusações feitas pelo ex-chefe de gabinete.

"Eu vou disponibilizar o contrato que fiz com o escritório do Hermes [Guerrero] e os recibos que já paguei. Desconheço esse relato", defendeu-se Célio Bouzada.

Publicidade

Resposta

Logo após a gravação ser divulgada na CPI, Kalil convocou uma coletiva para esclarecer as acusações. O prefeito confirmou que é dele a voz que aparece nas gravações, mas disse que as falas foram retiradas de contexto. O prefeito também afirmou que pretende questionar as denúncias judicialmente.

— Quando [o áudio] for transcrito na Justiça, todos vão ver que eu disse o que eu pensava, o que eu achava, o que poderia ser, o que não poderia ser, que um advogado do nível do doutor Hermes Guerreiro poderia estar sendo financiado por alguém. Tudo em uma conversa particular, com quem eu achava que era de confiança, fazendo o meu juízo de valor sobre o que estava acontecendo.

Em relação à nomeação de Hermes Guerrero para o Conselho de Ética, Kalil disse que a decisão foi tomada pelo próprio grupo em função da vasta experiência do advogado, que também é diretor da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

— É um homem do mais alto conhecimento e tem uma conduta ilibada. O que tem a ver ele [Hermes Guerrero] ser o advogado do ex-presidente da BHTrans? Não tem nenhum caso do Célio Bouzada sendo investigado no conselho.

Ao R7, Guerrero negou que seja pago por terceiros para atender Célio Bouzada.

— Não conheço Alberto Lage. Fui contratado pelo Sr. Célio e recebo dele. A indicação para o Conselho de Ética não é remunerada.

O Setra (Sindicato das Empresas de Transporte) também negou envolvimento de empresários do setor:

"O SETRABH informa que seu ex-presidente e os empresários citados no áudio, em nenhum momento tiveram qualquer relação ou qualquer envolvimento na contratação ou contato com a pessoa do advogado mencionado na divulgação do ex-secretário da Prefeitura de Belo Horizonte, Alberto Lage."

Repasses milionários

Na CPI, os vereadores questionaram Célio Bouzada diversas vezes sobre quem foi o responsável por decidir sobre o repasse milionário às empresas de ônibus. Bouzada não citou nomes e disse que a medida foi sugerida em uma reunião com a presença de empresários do setor e secretários.

Em alguns momentos, Bouzada deixou a entender que o valor do primeiro pagamento foi sugerido pelos representantes da companhias de transporte.

— O nosso ofício na BHTrans tinha como objetivo verificar e informar sobre a redução no número de passageiros, que antes era de 1,2 milhão por dia e, com o fechamento da cidade, caiu para cerca de 300 mil.

Já Alberto Lage, entregou ao presidente da CPI um relatório assinado pelo novo presidente da BHTrans, Diogo Prosdocimi, indicando que a transação seria ilegal e estaria fora das cláusulas previstas no contrato de concessão.

Sobre o assunto, Kalil defendeu que tratou-se de um adiantamento às empresas do valor que a prefeitura iria repassar às companhias para compra de vale-transporte para os servidores do município.

— Quero avisar que R$ 5 milhões é praticamente o faturamento de um dia de ônibus parado. Não podemos dar subsídio, então emprestamos o dinheiro e já estamos recebendo de volta.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.