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Estudante de medicina é condenado por lesão corporal após agredir namorada em BH

José Flávio foi condenado a um ano, quatro meses e 20 dias de reclusão pelo crime de lesão corporal e vai recorrer em liberdade 

Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da RecordTV Minas

José Flávio foi condenado a um ano e quatro meses de reclusão
José Flávio foi condenado a um ano e quatro meses de reclusão

A Justiça em Belo Horizonte condenou o estudante de medicina José Flávio Carneiro dos Santos a um ano, quatro meses e 20 dias de reclusão pelo crime de lesão corporal contra a ex-namorada, também estudante de medicina, Gabriela Campos Duarte Machado. O condenado vai poder recorrer da decisão em liberdade. A decisão é do juiz Richard Fernando da Silva, do 3º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher.

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O crime ocorreu em 23 de setembro de 2021, no apartamento de José Flávio, no Bairro Funcionários, na região centro-sul da capital mineira. A estudante teria sido atingida com socos, puxões de cabelo, chineladas no braço esquerdo e enforcamento. O estudante foi condenado ainda a pagar R$ 20 mil, a título de danos morais.


Estudante teria sido atingida com socos, puxões de cabelo, chineladas no braço esquerdo e enforcamento
Estudante teria sido atingida com socos, puxões de cabelo, chineladas no braço esquerdo e enforcamento

O agressor e a vítima namoravam havia cerca de dois anos. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, as agressões tiveram início depois que Gabriela visualizou mensagens de aplicativo recebidas pelo denunciado e descobriu que estava sendo traída. José Flávio havia saído para passear com o cachorro.

Agressor confessa crime em audiência


Ao ser interrogado em juízo, o estudante confessou que agrediu a ex-namorada, conforme o despacho.

Juiz: O senhor agrediu a vítima?


Réu: Sim, não da forma que ela colocou, mas simplesmente.

Juiz: Então como o senhor agrediu a vítima? Pode descrever para nós?

Réu: No momento que nós tivemos a discussão, acabou que eu a segurei, e isso acabou gerando alguns tipos de lesões nela, então, sim, eu a agredi e estou aqui para poder explicar a situação, nesse ponto eu confesso, mas não da forma que ela narrou.

Juiz: O senhor pode narrar como o senhor agrediu? Já que o senhor já confessou que agrediu, como o senhor a agrediu?

Réu: Como eu disse para o senhor, eu a segurei, e no momento da briga, eu, assim, estava muito nervoso, eu fiquei fora de mim e eu não me lembro basicamente como foram as agressões, mas eu sei que ela ficou bem machucada, como teve o corpo de delito. Então, assim, eu não posso te dizer que não houve agressão, mas eu só posso dizer que em momento nenhum eu quis violentá-la e machucá-la, feri-la. E também eu vi no corpo de delito que deu chineladas, eu em momento nenhum peguei no chinelo pra bater nela e esganei ela. Isso nunca aconteceu. Ah, ela também falou que eu bati nela duas vezes antes, e isso também nunca aconteceu.

Juiz: Entendi, e por qual motivo o senhor teve que agredi-la?

Réu: Então, eu acho que eu não estou aqui para me justificar, como eu disse, estou errado, eu sei desde o início, desde depois do que aconteceu tudo, eu já sabia que eu tinha feito merda. Então, assim, eu tentei colaborar o tempo todo. Fui com os policiais, liguei para minha família, falei que tinha cometido um erro. Desculpa, eu esqueci a pergunta.

Juiz: Veja, já vi que o senhor percebeu que cometeu um erro, percebeu que não deveria ter feito a agressão que fez, mas eu perguntei qual foi o motivo desse erro? O que deixou o senhor de cabeça quente?

Réu: Vossa Excelência, primeiro, ela chegou na minha casa e começou uma discussão comigo. Nesse momento, eu tentei não brigar, saí de casa, peguei meu cachorro, fui passear e falei pra ela se acalmar. Quando eu estava saindo, que eu estava passeando com o meu cachorro, tinha uns 15 minutos, ela me ligou, primeiro me xingando, falando que eu não valia nada, que eu estava mentindo, enfim, alguma coisa tinha acontecido, tinha deixado ela estressada, e eu não sabia o que era, porque eu não estava fazendo nada. Porque ela mentiu isso no depoimento dela, ela falou que eu recebi uma mensagem, é mentira. Então eu não sabia o que tinha acontecido quando eu cheguei lá e, além disso, ela falou que ia quebrar todo o meu apartamento no telefone. E eu voltei pra casa, quando eu cheguei em casa, ela estava totalmente eufórica, verborrágica, totalmente descontrolada, querendo uma satisfação, e nesse momento estava partindo pra cima de mim e me humilhando, e ai eu percebi que, quando eu entrei no meu quarto, eu vi que ela tinha mexido no meu computador, e o meu computador estava aberto, meu computador não fica aberto, e ele tem senha, fica protegido, eu não sei como ela tinha essa senha. Enfim, ela invadiu minha privacidade e falou o nome de uma menina que eu ficava quando eu estava solteiro, porque tinha apenas três dias que a gente tinha voltado o relacionamento. A gente nem sabia se ia voltar a namorar, e nesse momento eu vi que ela tinha invadido minha privacidade. Então, primeiro, ela acabou comigo, me diminuiu, depois ela invadiu minha privacidade e depois ela disse que ia quebrar o meu apartamento. E depois ela tocou no assunto que é bem pesado, acho que minha tia já chegou a comentar, um assunto que é bem difícil para as pessoas daqui de casa, e ela pegou e simplesmente falou da morte do meu pai, falando que eu merecia morrer como ele, então esse foi o start para eu perder a cabeça, eu não consegui me conter, eu estava segurando ela, acabei perdendo a cabeça.

Juiz: E depois das agressões que o senhor praticou na vítima, como é que as agressões pararam? O senhor parou espontaneamente ou alguém interveio?

Réu: Na verdade, nos já estávamos, a gente chegou num momento que nos paramos e começamos a conversar. Ela inclusive pegou o celular e começou a me filmar, acho que tem até essa gravação. Eu falei pra ela: ‘Para de me filmar, para de me filmar’. Eu tentei pegar o celular dela e não consegui. E aí eu sentei na cadeira como até mostra no vídeo. Nesse momento, a gente já não estava assim tentando entender o que estava acontecendo. Eu falei pra ela: ‘Eu vou te explicar o que aconteceu’. Porque ela estava querendo respostas do que eu tinha feito, porque eu estava falando da outra menina, era uma conversa no grupo de amigos meus e eu estava falando que eu tinha terminado com a menina. E ela ficou puta porque eu estava falando da outra menina, enfim, nesse momento nos estávamos conversando no quarto, ela estava sentada na cama, e eu sentado na cadeira, no computador, que até aparece no vídeo. E ai os vizinhos começaram a tocar na campainha, tocaram na campainha uma vez, e eu e lá, ficamos conversando. Tocaram duas, tocaram três, na terceira vez eu falei pra ela: ‘Se acalma, eu vou lá ver o que é e eu já volto'. Eu saí do quarto, momento nenhum eu deixei a porta trancada, a porta estava aberta o tempo todo, e recebi os vizinhos, os vizinhos vieram e falaram: ‘O que está acontecendo? Nos escutamos sua namorada, você está batendo na sua namorada?’. Aí eu falei: ‘Nós discutimos, mas a briga já acabou, não está acontecendo mais nada’. Aí eles falaram: ‘Olha, a gente vai sair daqui se a gente ver ela’. Aí eu falei: ‘Tudo bem’. Ai eles entram dentro do apartamento, eles entraram dentro do apartamento, a Gabriela saiu do quarto, e eles conversaram: ‘Está tudo bem?’. Aí a Gabriela pegou as coisas dela, começou a juntar as coisas dela, e eu tinha pegado o celular dela, eu tinha pegado o celular dela no quarto. Aí ela falou: ‘Eu só preciso do meu celular’. Aí eu devolvi o celular para ela, na mão dela e ela saiu com os vizinhos, foi isso.

Juiz: Eu gostaria que o senhor detalhasse pra mim as agressões, teve soco?

Réu: Não.

Juiz: Deu soco na vítima?

Réu: Não, nunca, não dei soco, não dei joelhada, não dei chutes, não dei chineladas.

Juiz: Puxou o cabelo dela?

Réu: Não, momento nenhum.

Juiz: Não teve chinelada no braço?

Réu: Nunca.

Juiz: Enforcamento também não?

Réu: Não.

Juiz: Bateu a cabeça dela contra a cama?

Réu: Pode ser que tenha acontecido.

Juiz: Pode ser que tenha batido a cabeça dela contra a cama, né?

Réu: É porque eu segurei ela, eu segurei ela, e a gente ficou rolando junto.

Juiz: Não, a pergunta é o seguinte, o senhor bateu a cabeça dela contra a cama?

Réu: Não.

Juiz: Não?

Réu: Não.

Juiz: O senhor chegou a apertar o rosto da vítima com as mãos e o joelho?

Réu: Não.

Juiz: Estrangular, o senhor não pregou no pescoço dela?

Réu: Não, não estrangulei, momento nenhum eu quis machucar ela.

Juiz: O senhor não bateu na face dela?

Réu: Não.

O outro lado

Responsável pela defesa do estudante, o advogado Fernando Magalhães declarou ter entrado com um recurso para que, segundo ele, alguns pontos da decisão possam ser reavaliados.

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