Fraudes em vistoria de casas em Brumadinho são 85% dos casos
Laudo que atesta dano na estrutura é exigência para indenizações e se tornou alvo de estelionatários; Defesa Civil exige boletim de ocorrência para vistorias
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7, com Rodrigo Dias, da Record TV Minas
De todas as solicitações de vistoria em casas, chácaras, sítios e outras propriedades em Brumadinho, 85% são fraude, de acordo com a Defesa Civil da cidade. Até o momento, foram realizadas 400 análises, mas só tiveram parecer favorável, 63 delas.
O laudo que comprova os danos causados na estrutura das casas pelo rompimento da barragem na cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, é uma das exigências para que as vítimas tenham direito às indenizações.
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Por isso, desde o dia 25 de janeiro, quando a estrutura da Vale se rompeu, as famílias procuram a Defesa Civil para que possam ter seus bens vistoriados e, de posse do laudo, dar entrada no pedido de pagamento por danos materiais.
No entanto, essa situação virou alvo de estelionatários. Segundo a Defesa Civil de Brumadinho, pessoas passaram a solicitar vistorias em imóveis que já estavam danificados antes mesmo da tragédia. O objetivo era tentar ganhar algum dinheiro com a comprovação do dano no local.
A partir de agora, para ter mais controle da situação e evitar tentativa de estelionato, de acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil Lucas Lara, só serão vistoriadas as residências com boletim de ocorrência registrado pelo proprietário.
Atraso
Além do crime em si, a tentativa de estelionato no ato de vistoria da Defesa Civil municipal também impacta no atraso ao pagamento de indenizações de quem, de fato, tem direito.
"Eu tinha minhas duas casinhas lá, três chácaras, tudo sossegado, e acontece uma dessa. A gente fica desesperado", afirmou o morador Eusébio Pedrosa, que vive em uma moradia provisória paga pela Vale e aguarda o recebimento da indenização.