Agentes da BHTrans denunciam que existe uma meta para agentes apreenderem carros nas ruas na capital mineira. Os agentes teriam de recolher 1.100 veículos por mês para o pátio credenciado, número necessário para compensar os custos do contrato com o consórcio vencedor da licitação. Os que não conseguissem contribuir receberiam avaliação negativa das chefias. Se a meta for cumprida, a arrecadação chega a R$ 3,03 milhões por ano, considerando que sete reboques rodam em BH para coibir estacionamento em local proibido.
O Consórcio 2SBH e a BHTrans negam qualquer irregularidade.
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Ouvido pela Record sob condição de anonimato, um funcionário diz que até agentes contrários à prática são constrangidos a entrar no esquema.
— É uma meta a ser cumprida, a gerência está sempre cobrando. Mas não de forma escrita, para que a gente não tenha nenhuma forma de apresentar isso para o público. Todo mundo está sendo obrigado a fazer o trabalho que não quer para não ficar mal visto e não ser mal avaliado. A gente sempre tem uma prestação de contas do trabalho que realiza no dia a dia.
Segundo a denúncia, existiria até um documento em que BHTrans e consórcio estipulariam a meta de apreensões.
— Existe um contrato com o pátio de remoção de veículos que prevê, segundo informações que eu tive lá de dentro, a remoção de 1.100 veículos mensais.
Procurada pela reportagem, a BHTrans respondeu que "não exige metas de remoções" e que os agentes devem seguir o Código de Trânsito "para solução de problemas". Ainda conforme a autarquia, "sem infração não há multa nem remoção do veículo" e que "os quantitativos mencionados no termo de referência da licitação [500 carros por mês] foram referentes à média das remoções nos anos anteriores à concorrência e serviram para (....) mensurar a logística necessária para a execução dos serviços".
A administradora dos pátios 2S BH também negou qualquer irregularidade. O consórcio afirma que "desconhece a estipulação de metas de apreensões" e que o valor cobrado pelo serviço, hoje em R$ 191,56 para veículos pequenos, "está defasado, considerado o número de veículos apreendidos e o custo operacional".