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Garoto que ouvia banda Kiss durante tratamento contra o câncer conhece ídolos em BH

A mãe teve que entrar na Justiça para conseguir levar o menino ao show; o amor pela banda foi passado de pai para filho

Minas Gerais|Maria Luiza Reis, do R7

Roupa que Vitinho usou no último dia de tratamento ainda servia para ir ao show da banda favorita
Roupa que Vitinho usou no último dia de tratamento ainda servia para ir ao show da banda favorita

Quando Breno Veloso, de 43 anos, ganhou o primeiro vinil, aos 5 anos de idade, em meados de 1980, ele não poderia imaginar o que aquele disco significaria na sua vida. O quarteto de rock, conhecido pelo visual extravagante, o encantou e, mais de 30 anos depois, Breno passou para o filho, Vitinho, o amor pela banda Kiss. Ele não sabia, mas aquele mesmo quarteto que despertou a sua paixão pela música ainda criança seria o principal aliado de seu filho contra o câncer.

Nesta quinta-feira (20), pai e filho não só assistiram juntos ao último show da banda em Belo Horizonte como também conheceram os ídolos, que se despedem de vez dos palcos na turnê End of the Road World Tour. Tudo isso só foi possível com a ajuda da mãe, Patricia Tocafundo, que entrou na Justiça para realizar o sonho do filho.

Vitinho, de apenas 5 anos, não poderia assistir à apresentação, com classificação indicativa mínima de 10 anos, nem mesmo acompanhado dos pais. Mesmo assim, quando os ingressos começaram a ser vendidos, Patrícia falou ao marido que comprasse entradas para os três; ela não poderia deixar o filho perder a última oportunidade de assistir a um show da banda. 

No pedido entregue à Vara da Infância e da Juventude, Patricia relatou a importância da banda no tratamento de Vitinho contra o câncer, descoberto quando ele tinha apenas 3 anos. Diagnosticado em 2020 com linfoma de Burkitt, o garoto passou nove meses internado no Hospital Felício Rocho, na região centro-sul da capital mineira, e o tratamento não foi fácil. 


“Ele foi o paciente que mais teve intercorrências na história do hospital”, contou a mãe. 

Para fazerem os dias no hospital menos difíceis, os pais deram um tablet ao menino, e foi assim que Vitinho se tornou um verdadeiro astro de rock. As camas do hospital viraram palco, e, com uma guitarra de brinquedo nas mãos, médicos, enfermeiros e pacientes se tornaram a plateia. Tudo isso ao som de Kiss, sua banda favorita. 


“Esse amor foi fundamental no tratamento, foi a forma que uma criancinha achou para encarar os procedimentos, o dia a dia pesado. Ele era a sensação do hospital, da equipe médica, ele quebrava a energia pesada”, relatou Patrícia. 

Pai e filho curtiram juntos o show da banda favorita
Pai e filho curtiram juntos o show da banda favorita

Quase dois anos depois do fim do tratamento, a decisão do juiz José Honório de Rezende não poderia ser mais clara: “'Você diz que quer dar uma volta, a festa acabou de começar. Nós vamos te deixar entrar' (tradução livre da epígrafe desta decisão). Notifique-se os organizadores do evento desta decisão. Cumpra-se", determinou o magistrado, tomando emprestada a letra de uma música da banda, em decisão publicada no dia 20 de abril. 


No documento, o juiz ainda reconheceu a importância da música no tratamento de Vitinho. 

“O poder transformador da arte não tem fronteiras, não tem limites. Vitor tem o coração que pulsa como uma banda de rock. Pulsa forte. Ele tem um coração quentinho. Ele vai ao show”, determinou o juiz. 

Patrícia Tocafundo entrou na Justiça para que o filho pudesse ir ao show
Patrícia Tocafundo entrou na Justiça para que o filho pudesse ir ao show

Vitinho foi ao show, e o primeiro concerto da sua vida ainda teve um bônus: ele foi convidado pela produção a conhecer os ídolos. O encontro foi registrado pela equipe da banda, que ainda não disponibilizou as imagens à família, mas está tudo gravado na memória de Patrícia, que ainda tem dificuldade para acreditar que tudo aconteceu de verdade. 

Para a mãe, a noite dessa quinta-feira representa o verdadeiro “dia do sino”, ritual que marca o fim do tratamento dos pacientes oncológicos. 

“Uma história com final feliz. O dia de ontem foi o verdadeiro dia do sino. A gente tinha que viver até ontem para celebrar esse dia junto com eles, que foram fundamentais no tratamento do meu filho”, disse Patrícia.

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