Ginecologista chama médicas de "fedidas" e "nojentas" e apaga post
Hospitais onde o médico trabalha investigam o caso; na publicação, especialista manda colegas culparem os pais por serem "feias"
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

O Hospital Odilon Behrens e a Polícia Militar de Minas Gerais investigam publicações de ódio feitas por um ginecologista contra médicas residentes em uma rede social. Nas mensagens, que são carregadas de discurso machista, o especialista chama as colegas de trabalho que se assumem feministas de “fedidas” e nojentas”.
Em certo trecho do post, Igor Fernando de Aquino dispara: “É feminista porque é feia e tem ódio da coleguinha bonita. A culpa não é do homem não lhe querer porque é feia, a culpa é dos seus pais que são feios e avaliaram mal a questão de ter um filho, pensando que poderia ser bonito. Nunca será, é uma questão de genética!”. O especialista, que também é tenente da PM, termina o texto mandando as colegas culparem os pais pelo fato de serem feias.

Em outra mensagem, Aquino diz que as "mulheres brasileiras de bem, aquelas que não foram vítimas de violência sexual" irão votar em Jair Bolsonaro (PSL) para Presidência. Todos os textos foram acompanhados pela hashtag "#BolsonaroPresidente". Após a repercussão das publicações, o ginecologista excluiu seus perfis na internet.
Justificativa
Por meio de uma carta, Aquino pediu desculpas pelas postagens. Ele contextualiza as publicações dizendo que reagiu a "comentários desrespeitosos" feitos por mulheres após ele manifestar apoio a candidatos de direita. O ginecologista reconhece que se excedeu nas publicações, mas destaca que não coaduna com o teor do conteúdo. O médico conclui a carta afirmando que suas preferências políticas não interferem em sua atuação como profissional.
Procurado, o Hospital Odilon Behrens lamentou o ocorrido e informou que investiga o caso e busca as providências cabíveis para a situação. A unidade de saúde ressaltou, ainda, que o profissional atua como plantonista e não é chefe do serviço de residência em ginecologia.
A PM informou que também apura o ocorrido e que não é condizente com tal tipo de comportamento.
O CRMMG (Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais) declarou que "iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos". Segundo o órgão, as investigações correrão em sigilo. O conselho ressaltou, ainda, que as denúncias direcionadas ao CRM devem ser sempre feitas por escrito e assinadas.
Confira a carta do médico:

Confira a íntegra da nota do Hospital Odilon Behrens:
"A direção do hospital Metropolitano Odilon Behrens reitera que o Médico Ginecologista, Igor Aquino, trabalha como plantonista no HOB e não é “chefe” do serviço de residência em Ginecologia.
Quanto às postagens feitas pelo médico em sua rede social, a direção do HOB lamenta pelo ocorrido e repudia qualquer ato de desrespeito, preconceito e incitação à violência.
Reiteramos ainda, que a direção do hospital está atenta ao caso e tomará todas as medidas legais cabíveis após apuração do mesmo."
Confira a íntegra da nota da Polícia Militar:
"Prezado Pablo, em que pese a ação do médico ter sido em suas redes sociais e concernente à sua função em outra instituição, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) não coaduna com comportamentos discriminatórios, ofensivos e desrespeitosos. A Unidade responsável pelo militar já apura o caso."
Confira a íntegra da nota do CRMMG:
"O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informa que tomou conhecimento, pela imprensa, de denúncia de ofensa cometida por médico contra médicas residentes, e que iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos.
Denúncias
Todas as denúncias recebidas são apuradas de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP). Os procedimentos correm sob sigilo. Obedecendo ao CPEP, somente as penalidades públicas impostas aos médicos denunciados poderão ser divulgadas.
As denúncias ao CRM-MG devem ser formuladas por escrito e, se possível, conter o relato detalhado dos fatos e identificação completa dos envolvidos. Precisam ser assinadas e documentadas. Não são aceitas denúncias anônimas ou apócrifas. Podem ser entregues na sede do CRM-MG em BH ou nas regionais, no interior do estado; enviadas por correio ou para o e-mail processos@crmmg.org.br. Todos os documentos e imagens devem ser legíveis."













