Grupo faz trilha em protesto contra mineração na Serra do Curral
Ato reuniu 189 pessoas em uma caminhada entre a região nordeste de Belo Horizonte e Nova Lima, na Grande BH
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
A caminhada anual realizada por um grupo de trilheiros da Grande BH ganhou um tom de protesto na edição de 2022, realizada neste domingo (1º). Além da tradicional proposta de conscientização ambiental, os participantes dedicaram o evento a uma manifestação contra a instalação de um complexo minerário na Serra do Curral, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. O licenciamento para o empreendimento foi liberado na madrugada deste sábado (30), pelo Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental).
Jéssica Barbosa Maia, diretora de comunicação do grupo Pé no Chão, conta que ao menos 189 pessoas participaram da trilha. Elas saíram do bairro Saudade, na região nordeste de Belo Horizonte, e caminharam até Nova Lima, em um trajeto de aproximadamente 15 quilômetros.
O grupo passou pela Mata do Hospital da Baleia, Pico Belo Horizonte, Mata do Jambreiro e Praça do Minérios. “A própria caminhada por si só, com informações no meio do caminho, já se torna um ato em favor da Serra do Curral. Trouxemos uma bandeira e faixas em prol da serra”, conta a representante. Os manifestantes também cobraram o tombamento da serra como patrimônio público.
O grupo realiza a caminhada, chamada Travessia, anualmente, no dia 1º de maio, desde 1991. A atividade só não aconteceu em 2020 e em 2021 em razão da pandemia de Covid-19.
Mineração
O licenciamento do Complexo Minerário Serra do Taquaril (CMST), na Serra do Rola Moça, foi aprovado com oito votos favoráveis e quatro contrários (veja abaixo como votou cada órgão membro do conselho). A reunião durou quase 19 horas e contou com mais de 200 membros da sociedade inscritos para se manifestarem sobre o empreendimento. Durante a reunião, houve bate-boca e apresentação de poema.
No pedido de licenciamento enviado pela mineradora, estão previstos a lavra e o beneficiamento de aproximadamente 31 milhões de toneladas de minério de ferro ao longo de uma área equivalente a 102 campos de futebol, sendo 99 deles de vegetação nativa. Ambientalistas alertam para os impactos que poderão ser sentidos na capital mineira e em várias cidades da região metropolitana. O tombamento da serra está em avaliação. O processo deve ser concluído até 30 de agosto.
Veja como votou cada órgão membro do Copam:
Favoráveis:
• Secretaria de Estado de Governo (Segov) — Poder Público;
• Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) — Poder Público;
• Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) — Poder Público;
• Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) — Poder Público;
• Agência Nacional de Mineração (ANM) — Poder Público;
• Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas (Sindiextra) — Sociedade Civil;
• Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) — Sociedade Civil; e
• Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) — Sociedade Civil.
Contrários:
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (ibama) — Poder Público;
• Fundação Relictos (Relictos) — Sociedade Civil;
• Associação Promutuca (Promotuca) — Sociedade Civil; e
• Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) — Sociedade Civil.