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Helicóptero com certificado suspenso faz voo baixo e assusta torcedores no Mineirão

Imagens da aeronave viralizaram na internet durante o jogo entre Cruzeiro e Ponte Preta; documento está suspenso desde maio

Minas Gerais|Ricardo Vasconcelos, Rayllan Oliveira e Júlia Ennes*, da RecordTV Minas

Um helicóptero particular fez um voo rasante sobre a região da Pampulha e assustou torcedores que acompanhavam o jogo entre Cruzeiro e Ponte Preta, nesta quinta-feira (16), no Mineirão, em Belo Horizonte. As imagens foram registradas por várias pessoas que estavam no estádio e viralizaram nas redes sociais.

Imagens viralizaram nas redes sociais
Imagens viralizaram nas redes sociais

Nos vídeos é possível ver o registro do helicóptero, que fica gravado na estrutura da aeronave. A consulta feita no site da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostra que o helicóptero está com o CVA (Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade) suspenso. O documento, que avalia a capacidade de uma aeronave de realizar um voo seguro, venceu no dia 14 de maio deste ano.

Segundo relatório da Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA), exceto em operações de pouso ou decolagem, ou quando autorizadas pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), aeronaves não devem sobrevoar cidades ou grupos de pessoas ao ar livre em altura inferior à permitida.

A ICA determina que a altura mínima para sobrevoo de helicóptero seja de 1.000 pés, cerca de 300 metros, do objeto mais alto em um raio de 600 metros.


Para Kerley de Oliveira, especialista em segurança de aviação pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e professor em um centro universitário de Belo Horizonte, a manobra feita no estádio não é comum. O piloto só poderia voar em situações como a registrada se tivesse autorização ou em caso de emergência. Segundo o especialista, o episódio precisa ser investigado.

Quanto ao certificado de aeronavegabilidade, ele afirma que é este documento que aponta as condições ideais para que o helicóptero possa voar. No caso dessa aeronave, que estava com o documento vencido, ela só conseguiria essa autorização para voos de testes, manutenção e outras exceções. Dessa forma, ela não poderia ter passageiros nem ter feito a manobra, já que é considerada arriscada.


A aeronave

O helicóptero pertence à empresa MHE Participações e Empreendimentos Ltda., que tem como sócios Marcelo Tostes de Castro Maia, Edward Munson Mason II, Hc Locação de Veículos Ltda., e Cristiano Richard dos Santos Machado como administrador.


Cristiano é um dos empresários indiciados pela Polícia Civil nas investigações sobre as irregularidades da gestão de Wagner Pires de Sá durante a presidência do Cruzeiro. Ele teria emprestado dinheiro ao clube, recebendo em troca direitos econômicos de jogadores do profissional. Além disso, ele receberia parte do valor de uma possível venda do jogador Estevão Willian, que na época tinha 12 anos. Conforme leis trabalhistas, o garoto só poderia assinar vínculo aos 16.

Ao ser procurada pela reportagem, a MHE afirmou que tomou conhecimento do ocorrido por meio da imprensa e redes sociais e que repudia os atos praticados pelos pilotos da aeronave. A empresa disse ainda que o helicóptero está sob custódia da empresa de manutenção HBR, desde janeiro de 2022, para manutenção prevista no calendário regular da fabricante.

Já o Mineirão disse que não sabia que a aeronave sobrevoaria o estádio durante o jogo e que ainda não tem conhecimento a respeito da motivação do fato.

A Anac informou que teve acesso aos vídeos do ocorrido e deu início à apuração do caso para aplicar as medidas cabíveis. Segundo a agência, poderão ser determinadas a emissão de auto de infração, a interdição da aeronave e a suspensão das licenças do piloto.

*Estagiária, sob supervisão de Ana Gomes

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