Um velório no mínimo inusitado marcou o bairro Alípio de Melo, na região noroeste de Belo Horizonte, neste domingo (4). A despedida de um idoso de 60 anos foi realizada do jeito e no local de que ele mais gostava: em um campo de futebol, com a bola rolando. Durante a cerimônia, o caixão foi colocado no chão, e os amigos driblaram a bola até ela encostar na urna para que José Milton “fizesse” o último gol da vida.
Vídeos gravados pelos colegas mostram a despedida realizada no campo, que tem pouco gramado e muita terra vermelha. Os amigos usavam camisa de jogo. O velório de Milton mobilizou toda a comunidade em que ele vivia.
“O próprio pessoal fez questão de fazer aqui, porque todo mundo queria participar. Então rateamos a despesa do enterro”, diz o motorista de transporte por aplicativo Bruno Rocha, amigo de Milton. Assista ao vídeo da despedida:
Evelyn Santos, sobrinha de José Milton, lembra que o tio gostava de ajudar a comunidade. “Meu tio era uma pessoa muito querida e prestativa. Se tivesse alguém precisando, ele doava. Trabalhava pelo outro”, conta.
Morador do bairro havia 40 anos, José Milton, conhecido como Jesus, era popular por causa do trabalho de revitalização que fazia em diversas ruas próximas à casa dele. O campo onde foi velado é um desses locais, que, segundo a família, era preservado pelo idoso.
“Meu tio vivia por este campo. Ele amava futebol. Ele nunca se casou, porque preferia a bola e cuidar disso aqui. Cuidar para as crianças e amigos virem jogar”, conta Evelyn.
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
A morte
José Milton vivia de bicos e não tinha renda fixa. Podar árvores era um dos serviços mais pedidos por quem o contratava. Foi durante a poda de um arbusto, no bairro Paulo VI, na região nordeste da capital mineira, que o idoso sofreu um acidente e morreu.
Imagens de um circuito de segurança mostram José Milton em cima de uma escada enquanto trabalha. De repente, uma árvore cai em cima dele. Em seguida, o idoso se desequilibra e cai de uma altura de quase 6 metros.
“Ele deixou um legado muito bonito para o bairro”, lamenta o amigo Damião dos Santos.