Indústria de papel que sonegou R$ 800 mi é alvo de operação em MG
Investigações apontam que, ao mesmo tempo em que sonegam impostos, proprietários compraram prédios e construíram shopping em Juiz de Fora
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Três indústrias de papel, pertencentes a um mesmo grupo empresarial, foram alvos de uma operação nesta quinta-feira (4), em Juiz de Fora, a 261 km de Belo Horizonte, na Zona da Mata mineira.
Na Operação Papel de Família, a Polícia Civil cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas três empresas, além de um escritório de contabilidade e nas casas de investigado. Foram apreendidos cerca de R$ 100 mil em notas de reais, euros e dólares.
Segundo a investigação, conduzida pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), Polícia Civil, Secretaria de Estado de Fazenda e Advocacia-Geral do Estado, as indústrias pertencem ao mesmo grupo e, ao longo dos últimos 20 anos, teriam praticado diversas fraudes fiscais.
A estimativa da força-tarefa é que o prejuízo causados aos cofres públicos seja de cerca de R$ 800 milhões - R$ 500 milhões em sonegação de tributos federais e outros R$ 300 milhões por falta de pagamento do ICMS, que é um imposto estadual.
As investigações começaram em 2007 quando a Secretaria de Estado de Fazenda identificou algumas fraudes no grupo. A mais recente foi descoberta por auditores fiscais de Juiz de Fora que verificaram que, durante anos, uma das empresas investigadas fornecia energia elétrica e gás natural para outra, sem nota fiscal.
"A finalidade última da operação é recuperar cerca de R$ 300 milhões para os cofres do Estado", disse o promotor de Justiça do MPMG, Fábio Nazareth.
Patrimônio
Mesmo com as dívidas milionárias com a União e o Estado de Minas Gerais, segundo o MPMG, o patrimônio individual da família do principal proprietário do grupo teria aumentado bastante nos últimos anos. O órgão identificou a aquisição de diversos imóveis em Juiz de Fora, além da construção de um shopping na cidade.
A suspeita é de que os sócios tenham desviado os recursos financeiros obtidos com a sonegação de impostos para aumentar o patrimônio imobiliário, o que configura o crime de lavagem de dinheiro.
O MPMG pediu a prisão de dois empresários e de um contador, o que foi negado pela Justiça sob a justificativa de que se tratava de empresários conhecidos na cidade e que não colocavam em risco a ordem pública.
Caso condenados, os investigados poderão ser condenados a penas de até 15 anos de prisão.