Justiça autoriza quebra de sigilo telefônico de Fernando Pimentel
Ação faz parte de uma operação da PF que investiga desvio milionário de dinheiro da Cemig; processo também investiga ex-deputado federal
Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas, com Pablo Nascimento, do R7
A Justiça Federal em São Paulo autorizou a quebra de sigilo telefônico do ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), no âmbito da Operação “E o Vento Levou”, que investiga desvio de verbas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).
A decisão também derrubou o sigilo telefônico e autorizou um mandado de busca e apreensão na casa do ex-deputado Gabriel Guimarães (PT-MG).
A primeira fase da operação, realizada em abril deste ano, apurou um desvio milionário na estatal mineira, que teria ocorrido por meio de um negócio envolvendo as empresas Renova Energia S/A e a Casa dos Ventos Energias Renováveis S/A.
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De acordo com o inquérito, as fraudes ocorreram no ano de 2014. À época, Pimentel havia acabado de ser eleito governador de Minas Gerais.
As investigações indicam que Gabriel Guimarães promoveu um encontro entre sócios da Renova e o governador eleito. No jantar, os executivos acordaram em fazer um repasse ilegal ao então deputado. Guimarães teria recebido, então, R$ 2 milhões.
A Justiça destaca que não há indicação de que Pimentel tenha “sido o autor do pedido de repasse de R$ 2 milhões”. Por isto, foi definida apenas a quebra do sigilo telefônico do ex-governador entre os dias 01/01/2014 a 31/12/2015.
Eugênio Paccelli, advogado de Pimentel na operação Acrônimo, informou à reportagem que não tem ciência sobre a operação. Em nota, a assessoria de Pimentel, disse que "a investigação se debruça sobre fatos anteriores à gestão de Fernando Pimentel no Governo de Minas Gerais. O ex-governador desconhece o caso e não tem nem teve relações com a empresa Renova."
Procurada, a Cemig informou que "está em total colaboração com as autoridades e que também tem interesse na rápida evolução dessas investigações". A empresa reiterou o "compromisso com a transparência e que manterá o mercado e a sociedade informados sobre a evolução desses fatos ocorridos no passado".
A reportagem não conseguiu contato com o ex-deputado Gabriel Guimarães. Procurado, o advogado do ex-parlamentar ainda não se manifestou.
A empresa Renova Energia S/A disse que a investigação é relacionada a período anterior a 2015 e que irá "colaborar com todas as informações necessárias para auxiliar os trabalhos da Polícia Federal e do poder judiciário. A Renova Energia afirma o seu compromisso com a transparência e que manterá todos informados sobre a evolução dos fatos".
Já a empresa Casa dos Ventos Energias Renováveis S/A informou que "nem a empresa, nem seus acionistas, nem seus administradores foram objeto de investigação, busca e apreensão ou quebras de sigilos em nenhuma das fases da “Operação E o Vento Levou”, conforme já atestado pelas próprias autoridades. Por iniciativa própria, a companhia já vem colaborando, sob sigilo, com as autoridades na apuração dos fatos, ocorridos há mais de 5 anos."
Segunda fase
Nesta quinta-feira (25), a PF deflagrou a segunda fase da operação “E o Vento Levou”, com o objetivo de identificar quem foram os beneficiados pelos desvios da Cemig. Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Minas Gerais, Bahia e São Paulo.