Kalil autoriza retorno de 30% dos torcedores aos estádios de BH
Expectativa da prefeitura é que semifinal da Libertadores, entre Galo e Palmeiras, tenha torcida; venda de cerveja foi liberada
Minas Gerais|Lucas Pavanelli e Célio Ribeiro*, do R7, com Akemi Duarte, da Record TV Minas
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciou, nesta quinta-feira (9), a autorização para o retorno de 30% dos torcedores aos estádios de Belo Horizonte. A decisão foi tomada após uma reunião com representantes das diretorias de Atlético, Cruzeiro e América.
Segundo Kalil, a expectativa é que a primeira partida com público na capital seja o jogo de 28 de setembro entre Atlético e Palmeiras, válido pela volta da semifinal da Copa Libertadores. Isso porque o Cruzeiro anunciou que vai mandar os próximos dois jogos da Série B na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, a 70 km de Belo Horizonte, enquanto Atlético e América esperam autorização da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para receberem público nas competições nacionais.
Durante entrevista coletiva, o prefeito informou que reconhece que “está na hora” dos jogos voltarem a ter torcida. Para evitar os problemas registrados nos dois primeiros eventos-teste, como aglomerações e torcedores sem máscara, a prefeitura vai aprimorar o protocolo que já foi usado na partida entre Cruzeiro e Confiança.
— O estádio vai fechar uma hora antes. Vamos liberar a cerveja e tentar colocá-la a um preço acessível, para o pessoal entrar mais cedo e ficar lá dentro. Quem entrou está testado, então isso diminui o risco. Além disso, a prefeitura vai colocar toda a sua estrutura à disposição de Atlético, Cruzeiro e América.
Por fim, o prefeito argumentou que “todos estão se sacrificando” para o retorno do público e evitou entrar na polêmica envolvendo o Flamengo, que tenta trazer seus torcedores de volta às arquibancadas antes do prazo acordado entre CBF e os clubes da Série A.
— Protocolo de órgão a prefeitura não entra, a gente faz é o protocolo sanitário. Essa briga de Flamengo, Galo e CBF não é problema nosso. Belo Horizonte está com estádio aberto, com protocolos e com responsabilidade.
O Executivo municipal decidiu suspender a presença de torcedores nos estádios da cidade depois dos jogos entre Atlético e River Plate, em 18 de agosto, e Cruzeiro e Confiança, dois dias depois. O primeiro jogo contou com a presença de cerca de 18 mil torcedores e, o segundo, teve público de 4 mil pessoas.
Em ambos os eventos foram constatadas aglomerações e pessoas sem a utilização de máscaras, o que motivou a suspensão da presença das torcidas pela prefeitura. A decisão foi tomada no dia 22 de agosto.
Monitoramento de torcedores
O secretário municipal de saúde, Jackson Machado, afirmou que a prefeitura iria usar a relação de dados dos torcedores que foram ao Mineirão para o jogo contra o River Plate para monitorar eventuais casos de covid-19 dentro do estádio. No entanto, como informou o R7, o clube não havia enviado as informações para a pasta mesmo após 12 dias da realização da partida. A relação com os dados pessoais dos torcedores só foi enviada no dia seguinte à publicação da reportagem, em 31 de agosto.
Na época, o secretário afirmou que usaria os dados para mensurar o impacto dos eventos na situação da pandemia na cidade.
— Temos o CPF de todos os que estiveram nos jogos. Nas próximas duas ou três semanas, vamos comparar o CPF de quem está internado ou doente com o CPF daqueles que estavam no estádio, para saber qual o impacto dos dois eventos na pandemia. Se não houve impacto, é lógico que podemos liberar para o jogo do dia 29 [a partida passou para o dia 28 dias depois].
Indicadores
Os indicadores da pandemia de covid-19 em Belo Horizonte, hoje, são melhores do que na época da partida contra o River Plate.
De acordo com boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura na última segunda-feira (6), todos os indicadores estão no "nível verde", o que sugere que a pandemia está controlada na cidade. A taxa de contaminação por infectado (Rt), que mede a velocidade de expansão da covid-19, está em 0,91 - o que significa que cada grupo de 100 pessoas contaminadas transmitem o coronavírus para outras 91 pessoas. Já a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 46,9% e, das enfermarias, em 30,2%.
Em 18 de agosto, data da partida contra o time argentino, dois indicadores estavam em "nível amarelo", de alerta. O Rt marcava 1,01 e a taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva, em 52,4%. A taxa de ocupação das enfermarias, naquela época, estava em 40,1%.
*Estagiário do R7 sob a supervisão de Lucas Pavanelli.