Um dos proprietários de uma tradicional loja de artigos para cama, mesa e banho em Belo Horizonte resolveu colocar uma faixa na porta do local para expor sua revolta após o estabelecimento ser arrombado e furtado pela décima-primeira vez no ano. “Esta loja foi arrombada 11 vezes somente este ano. A Savassi agoniza”, diz o cartaz pregado na porta da loja que fica na avenida Cristóvão Colombo, bem ao lado do Palácio da Liberdade, antiga sede do Governo de Minas, e próximo ao Quartel do Comando Geral da Polícia Militar. O responsável pela faixa é Adolpho Júnior, filho de um dos fundadores da fábrica de artigos para casa que atua há mais de seis décadas no setor. A loja no bairro Savassi foi aberta em 2001 e, segundo ele, sofreu vários furtos nestes quase 20 anos. — Já tivemos outros arrombamentos que nos deixam com muita raiva. Mas são coisas pontuais, não era comum.Pandemia Segundo Júnior, a situação piorou com o início da pandemia da covid-19. Já foram 11 arrombamentos neste ano, sendo que os três últimos foram realizados em três dias seguidos. O proprietário da loja conta que já perdeu as contas do quanto teve de prejuízo. — Só no último arrombamento, foi levado R$ 6 mil de mercadoria, isso sem contar o dinheiro levado do caixa, custo para trocar vidros, colocar grades, entre outras coisas. A cada arrombamento, o empresário decide tomar uma atitude diferente. Ele conta que já trocou vidros, colocou grandes, aumentou as grades e , por último, decidiu contratar um vigia para passar a noite dentro da loja. Júnior confessa que chegou perto de “perder a cabeça” em algumas situações. — Dá vontade de ficar lá dentro, esperar o cara entrar e fazer justiça com as próprias mãos. Mas isso seria pior para mim. Se mesmo com o vigia, os furtos não acabarem, acho que a solução vai ser fechar todas as laterais da loja com tijolo e transformar o espaço em um bunker.Revolta Segundo o proprietário, quase todas as ações foram registradas pelas câmeras de segurança e todo arrombamento é comunicado à Polícia Militar. Júnior alega que, apesar dos boletins de ocorrência, nenhum suspeito foi identificado. Mesmo assim, ele exime os policiais de parte da culpa pelos furtos. — Muitas vezes os policiais ficam de mãos atadas, sem poder fazer muita coisa. Se o cara é preso por furtar minha loja, é capaz de ser solto três dias depois e ainda vir me cumprimentar. Meu sentimento se resume em três palavras: revolta, tristeza e impotência. A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar, mas, até o momento, não obteve nenhum retorno.