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Loja é condenada por vincular bônus de funcionária à perda de peso

"Esse mês não vi diferença", escreveu o patrão da mulher em um bilhete, que foi anexado ao processo; indenização é de mais de R$ 50 mil

Minas Gerais|Lúcia Ribeiro, da Rede Mais

Bilhete do patrão traz pedido de devolução de bônus
Bilhete do patrão traz pedido de devolução de bônus

Uma loja de bijuterias na cidade de Muriaé, a 322 km de Belo Horizonte, foi condenada a indenizar em R$ 50 mil uma vendedora que acusou o estabelecimento de relacionar o pagamento de seu bônus à perda de peso.

A vítima, de 26 anos, trabalhou no local durante cerca de um ano e meio e recebia um salário mínimo. Para complementar a renda, a loja oferecia bonificações de até R$ 200, mas, para isso, a mulher precisava perder peso e comprovar isso para o chefe.

Ela guardou diversos bilhetes enviados pelo seu patrão, nos quais ele prometia o pagamento de R$ 200 caso ela alcançasse o “resultado” esperado. Na mesma nota, o patrão afirma: “estou de olho, este mês não vi diferença”.

Em outro bilhete, o patrão ameaça pedir a devolução dos R$ 200 caso a funcionária não tenha alcançado a meta estipulada para os meses de julho e agosto de 2019.


Humilhação

Durante o processo, a vendedora relatou que chegou a provocar vômitos e passar fome para conseguir perder peso e, assim, receber a bonificação. Em conversas entre a vítima e o patrão que foram anexadas ao processo, a mulher chega a falar do próprio ciclo menstrual com o chefe, que chegou a monitorar sua frequência na academia.


A 1º Vara do Trabalho de Muriaé considerou os métodos de comprovação de perda de peso como “humilhantes e rigorosos” e entendeu que a vítima era submetida a “violência psicológica extrema”. Além dos R$ 50 mil, a loja também terá que pagar o 13º salário proporcional, horas extras e outros direitos trabalhistas.

Posicionamentos


A advogada da vítima preferiu não dar entrevista e, em nota, alegou que a vendedora “não está confortável” com a exposição do caso na TV e que, por isso, decidiu não falar com a imprensa.

Nos autos do processo, a loja se defendeu alegando que a bonificação era destinada ao pagamento da academia e de alimentos saudáveis. Apesar disso, uma testemunha afirmou que só essa funcionária recebia a bonificação. A reportagem entrou em contato com a loja, que preferiu não se posicionar.

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