Mãe de criança estuprada pelo pai tentou impedir encontros, mas foi ameaçada de processo 

Pai conseguiu direito de ficar com a filha sem a presença da mãe

Reprodução/Record TV Minas

A mãe da criança, de 9 anos, que usou um diário com escrita invisível para relatar que era estuprada pelo pai, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, disse que tentou impedir que a filha ficasse sozinha com o pai, mas foi ameaçada de ser processada por alienação parental. Para ela, o pai tentou comprar o silêncio da filha com presentes. 

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Os abusos foram relatados em um diário mágico, no qual, com a própria letra, a menina escreveu: meu pai já transou comigo. Em choque, a mãe e o padrasto da criança conversaram com ela, que disse o que acontecia na casa do pai. "Aos poucos, ela foi contando e relatando todo o ocorrido. Coisas absurdas que o pai fazia com ela", disse a mãe.

A polícia foi acionada, e a Justiça decretou a prisão do homem, de 33 anos. Ele acabou confessando o crime. O pai, que morava com a avó da criança, revelou que os abusos aconteciam quando a avó estava dormindo ou quando ela não estava em casa. 

A mãe disse que o casal se relacionou por um ano. Segundo ela, o pai só conheceu a filha aos 2 anos de idade. Por muito tempo eles tinham um acordo: as visitas se davam sempre na presença da mãe. Em 2018, ele procurou a Justiça para regularizar os encontros. A mãe diz que tentou impedir, mas teve que ceder por ameaça de ser processada por alienação parental.

O motivo para afastar a criança do pai seria a preocupação com o comportamento dele. Em redes sociais, o homem fazia postagens constantes de apologia das drogas. Em uma das publicações, ele diz: "Se você não faz uso de maconha, peço para não se incomodar com o fato de eu ser usuário". Em outra, ele aparece segurando um cigarro da droga.

Em uma troca de mensagens, a mãe da criança argumenta: "Não vou entregar minha filha para uma pessoa bêbada dirigindo". E termina: é "por isso que você tem que aturar minha presença". Apesar desse comportamento, ela diz que nunca imaginou que o homem pudesse abusar da própria filha. 

"Eu desconfiava de pessoas próximas, mas ele, como sendo pai, eu entendo que ele teria que proteger ela", desabafou a mãe. 

A mãe explica que o pai vinha se comportando de modo diferente; hoje ela acha que era uma tentativa de comprar o silêncio da filha. "Ele não era de dar presentes. Aí agora, recentemente, ele começou a ficar mais próximo. Na Páscoa, ele trouxe ovo de Páscoa para ela. No aniversário dela, ele deu R$ 200 para ela. Ela comprou esse diário com o dinheiro que ele mesmo deu para ela."

Assim que ficou sabendo dos abusos, ela interrompeu as visitas e avisou o pai da menina por mensagem. Ele tentou argumentar e disse: "Se ela está com algum problema, estou aqui para ajudar". 

Para a mãe, a leitura do diário e a conversa com a filha foram fundamentais para encerrar o ciclo de abusos. "É muito importante que todas as mães tenham essa atenção, por mínima que seja. Fique atento aos que os filhos falam. Observar o comportamento, desenhos, anotações, é muito importante."