Uma mulher de 44 anos e o filho dela, de 22 anos, foram mortos a tiros, no meio da rua, no bairro Ipiranga, na região Nordeste de Belo Horizonte, na noite desta segunda-feira (29). Segundo a Polícia Militar, o suspeito do crime é o ex-namorado da mulher. Até a manhã desta terça-feira (30), o homem ainda não havia sido encontrado.
O crime foi registrado por câmeras de segurança. As imagens mostram quando o homem desce do carro e retira um objeto do porta-malas. Em poucos minutos se aproxima e dispara contra Tereza Cristina Peres. A vítima cai com o primeiro tiro, mesmo assim, o suspeito atira mais duas vezes.
As imagens não mostram mas, segundo testemunhas, antes de assassinar Tereza, o autor matou também o filho dela, Gabriel Peres Mendes, de 22 anos. O jovem teria tentado defender a mãe assim que se depararam com suspeito na rua.
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Tereza e o ex-namorado ficaram menos de um ano juntos. O homem não aceitava o fim do relacionamento e perseguia a mulher e o filho dela. Hugo Peres de Almeida, irmão de Cistina, conta que ela vinha sofrendo ameaças e já havia pedido medida protetiva.
— Ele há algum tempo atrás estava rodeando a casa da minha mãe e fazendo ameaças.
Tereza era agente de saúde e fisiculturista. Gabriel, filho único dela, era formado em direito. O jovem havia passado no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e estava se preparando para o concurso de delegado de polícia.
A reportagem não localizou a defesa do suspeito de atirar contra Tereza e Gabriel.
Denúncia
Tereza já havia registrado sete boletins de ocorrência contra o ex-companheiro e era acompanhada pela Patrulha de Violência Doméstica. Em fevereiro desse ano, a fisiculturista havia denunciado o ex-companheiro em entrevista ao jornalismo da Record TV. À época, ela contou que vivia um relacionamento conturbado e marcado por agressões.
Quando decidiu por um fim no relacionamento, foi vítima de vingança. O ex teria criado perfis falsos na internet dizendo que a fisiculturista era garota de programa. Tereza relatou ter sido vítima de ameaça e difamação. O homem negou às acusações.
Pesar
Tereza trabalhou como agente de combate a endemias no Centro de Saúde Dom Cabral. O Sindibel (Sindicato dos Servidores Publicos Municipais de Belo Horizonte) lamentou a morte da servidora e classificou o crime como "feminicídio".
"Neste momento de dor, o Sindibel se solidariza com a família, os amigos e os colegas da servidora, mas também chama atenção para o alarmante crescimento de 300% no número de mulheres mortas em Belo Horizonte, neste primeiro semestre, alvos de violência doméstica e familiar, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais", informou em nota.
O sindicato também pediu mudanças na legislação. "Diante de um quadro tão assustador, está na hora de dar um basta aos que defendem a flexibilização do porte de arma e aos que promovem discursos incitando a violência" declarou.