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Maníaco de Contagem foi preso com ajuda de especialista em assassinos em série

Especial 'Crimes que Abalaram Minas' traz entrevistas exclusivas e bastidores da investigação que terminou com a prisão do criminoso

Minas Gerais|Shirley Barroso e Rosiane Cunha, da Record Minas

Ilana Casoy ajudou a desvendar o modo de operação do assassino em série
Ilana Casoy ajudou a desvendar o modo de operação do assassino em série

Um assassino em série, frio e calculista, causou pavor na cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, no fim dos anos 2000. Marcos Antunes Trigueiro, o “Maníaco de Contagem”, fez cinco vítimas antes de ser descoberto e preso pela Polícia Civil de Minas Gerais.

A segunda edição do especial Crimes que Abalaram Minas, do Cidade Alerta, traz os bastidores da investigação que culminou na prisão e na condenação do assassino em série.

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Para conseguir montar o perfil do criminoso, a polícia pediu ajuda a uma especialista em assassinos em série: Ilana Casoy. A criminóloga é uma referência brasileira em literatura policial, autora de vários best-sellers e conhecida como "rainha do true crime". Além disso, Casoy atuou como roteirista em outras produções audiovisuais nacionais que recontam casos que marcaram o país. 

Em 2009, no entanto, Ilana atuou nos bastidores da investigação que apurava os assassinatos na Grande BH. Ela veio de São Paulo a Belo Horizonte para se encontrar com os investigadores e estudou os detalhes dos casos por três dias.


Segundo a especialista, um assassino em série sempre leva algo das vítimas como uma espécie de troféu pelo crime. Ilana percebeu que o único objeto não encontrado com as mulheres mortas era o celular.“Podia ser o dinheiro, podia ser o cartão. A única coisa que sumia era o celular. O celular, hoje, é uma coisa muito importante, ele tem tudo da vítima", explicou Casoy. 

Após traçar o perfil do criminoso, a polícia começou a monitorar 11 suspeitos. Os celulares das vítimas também passaram a ser procurados. Marcos Trigueiro foi descoberto quando o sinal de um dos aparelhos foi rastreado. O telefone estava sendo usado pela mulher do assassino, e os dois foram presos.

Modus operandi

Vítimas eram estupradas e estranguladas
Vítimas eram estupradas e estranguladas

Ana Carolina de Assunção, de 27 anos; Natália Cristina Paiva, também de 27; Ádina Feitor Porto, de 34 anos; Edna Cordeiro de Oliveira, de 35; e Maria Helena Lopes, de 48, foram as vítimas do maníaco. Todas foram estupradas e mortas. As cinco mulheres tinham idades diferentes, mas perfil parecido, o que levantou a suspeita dos policiais.

O maníaco abordava as vítimas da mesma forma: sempre no fim do dia, quando elas saíam do trabalho ou chegavam em casa, de carro. As vítimas eram estupradas e estranguladas.

A pedido da polícia, psiquiatras analisaram o histórico do assassino e descobriram que as mulheres que ele estuprava e matava eram todas parecidas com a mãe dele: magras, de cabelos lisos e longos, independentes.

Cronologia dos crimes

Vítimas eram abordadas quando estavam no carro
Vítimas eram abordadas quando estavam no carro

Em janeiro de 2009, o maníaco fez sua primeira vítima. Ádina Porto voltava para casa quando desapareceu. O carro dela foi abandonado na Via Expressa. O corpo da comerciante foi encontrado uma semana depois, em Sarzedo, a cerca de 20 km de onde a mulher morava. Ela foi estuprada e estrangulada.

Três meses depois, Ana Carolina Assunção foi encontrada morta dentro do próprio carro, também abandonado perto da Via Expressa. Em cima do corpo da comerciante, dormia o filho da vítima, um bebê de 1 ano e 2 meses. Ana foi violentada e estrangulada com um cadarço.

Em setembro do mesmo ano, Maria Helena Lopes voltava do trabalho quando desapareceu. A empresa de monitoramento localizou o veículo da vítima, no bairro Califórnia, e avisou o filho dela, que encontrou a mãe sem vida. Maria Helena foi enforcada com o cinto de segurança do próprio carro.

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Vinte dias depois, uma universitária que morava no mesmo bairro que a comerciante desapareceu a caminho da faculdade. O carro dela foi abandonado na vizinhança. O corpo de Natália Paiva foi encontrado cinco meses depois, após a prisão do maníaco. A polícia chegou à conclusão de que a estudante também foi vítima de Trigueiro. 

Em novembro de 2009, a contadora Edna Cordeiro de Oliveira foi achada morta em uma estrada de terra, em Nova Lima, na Grande BH. A mulher foi estrangulada com o colar que usava.

Histórico

Com divulgação do caso, Trigueiro foi reconhecido como autor de outros crimes
Com divulgação do caso, Trigueiro foi reconhecido como autor de outros crimes

Marcos Antunes Trigueiro nasceu em 1978, em Brasília de Minas, no norte do estado. De família pobre, ele, um irmão e uma irmã teriam sofrido maus-tratos na infância. Na cadeia, Trigueiro acusou o pai de abusos físicos e psicológicos. Na adolescência, passou a cometer pequenos furtos. Quando adulto, chegou a trabalhar como pintor, motorista e ajudante de produção em uma oficina.

Antes de ser conhecido pelos crimes em Contagem, Trigueiro matou o taxista Odilon Eustaquio Ribeiro, de 58 anos, em Betim, em setembro de 2004, com outras três pessoas. Os autores puseram fogo no táxi com o corpo da vítima dentro. Na época, ele foi preso e deu detalhes do crime.

Trigueiro também foi reconhecido como autor de outro latrocínio, em uma pizzaria em Contagem. O crime também aconteceu em 2004. Segundo o irmão da vítima, mais de R$ 8.000 foram levados no roubo, e, na saída, o criminoso matou o dono do restaurante.

Três mulheres também procuraram a polícia depois que viram Marcos Trigueiro na televisão. Duas foram abordadas por ele e estupradas, e uma teria sido abordada no trânsito, mas conseguiu fugir. 

Julgamento e pena

Trigueiro deve ser solto até 2050
Trigueiro deve ser solto até 2050

Nos julgamentos, Marcos Trigueiro deu sua versão para os crimes. Ele confessou a morte das mulheres, mas negou a maioria dos estupros e disse que tudo começava de forma consensual. O promotor Francisco Santiago atuou em três julgamentos de Trigueiro e conta que a defesa sempre tentou convencer os jurados sobre a insanidade do homem, mas nunca conseguiu.

"De doido, ele não tinha nada. As ações eram coordenadas. Quando ele pegava elas, ele já tinha tudo delineado", disse o promotor. Trigueiro foi julgado e condenado a 206 anos, cinco meses e 17 dias de prisão.

Atualmente, ele cumpre pena por estupro, assassinato, ocultação de cadáver, furto e latrocínio (roubo seguido de morte). O maníaco passou dez anos na Penitenciária Nelson Hungria e, desde 2020, está no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Trigueiro deve ser solto até 2050.

No especial Crimes que Abalaram Minas, pessoas ligadas à investigação trazem mais detalhes sobre o caso. Assista à íntegra abaixo:

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