Médicos suspeitos de retirar órgãos de criança em MG são julgados
Crime teria ocorrido em 2000, quando Paulo Pavesi, de 10 anos, foi levado ao hospital e teve a morte forjada para retirada de órgãos
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Acusados de matar e remover órgãos de uma criança de apenas 10 anos em um hospital de Poços de Caldas, a 470 km de Belo Horizonte, três médicos são julgados nesta quinta-feira (28) no 1º Tribunal do Júri, localizado na capital mineira.
O júri formado por seis homens e uma mulher vai decidir sobre a culpa dos médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca. Outro profissional de saúde, Álvaro Ianhez teve o processo desmembrado.
Eles foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais por homicídio qualificado e remoção de órgãos ou partes do corpo de uma pessoa em desacordo com a lei. A situação é agravada pelo fato de a vítima ter menos de 14 anos à época do crime.
O caso ocorreu em abril de 2000, na Santa Casa de Misericórdia. Paulo Veronesi Pavesi, com apenas 10 anos à época foi levado para o hospital após cair da grade de um playground. Na unidade de saúde, de acordo com a denúncia do MP, os médicos teriam cometido uma série de atos e omissões voluntárias para forjar a morte da criança e que seus órgãos fossem doados.
Dentre as acusações feitas à época, estão: admissão em hospital inadequado, demora no atendimento neurocirúrgico, realização de uma cirurgia por profissional sem habilitação legal (o que resultou em erro médico) e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. Eles também são acusados de fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
Primeiro julgamento
A Justiça aceitou deníncia contra quatro médicos em 2002 e eles foram condenados, em primeira instância, em 2010, quando o caso completou 10 anos. No entanto, o processo foi anulado depois que o MP colocou em suspeição a atuação do promotor de Justiça no julgamento.
Depois disso, o processo foi transferido de Poços de Caldas para Belo Horizonte, após pedido do MP. O primeiro julgamento na capital mineira foi marcado para março de 2015, depois adiado para abril e, em seguida, foi suspenso por decisão de órgãos superiores.