Mercado de café especial no Brasil alcança aumento anual de 15%
Crescimento da demanda estimula a criação de empresas que apostam em inovação e rigor de qualidade para atender os clientes
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Um levantamento da Federação dos Cafeicultores do Cerrado aponta que o consumo de cafés especiais no Brasil tem registrado um aumento médio anual de 15%. De acordo com o órgão, das 47 milhões de sacas produzidas no país em 2021, 8 milhões (17%) eram de grãos com qualidade superior, que garantem uma bebida mais saborosa.
Para a federação, a mudança no comportamento do consumidor pode estar aliada a dois fatores: à maior divulgação dos produtos com a popularização das redes sociais e ao crescente número de empresas que investem no setor.
Uma destas marcas é a Oitenta Café, loja virtual lançada nesta segunda-feira (14) com objetivo de atender a demanda crescente de consumidores com o paladar aguçado.
A ideia do projeto surgiu há dois anos, após o empresário belo-horizontino e coffee hunter Daniel Alves se interessar pelo assunto e dedicar boa parte do tempo pesquisando sobre o tema. "Depois que você toma o café especial, é difícil consumir o comum", brinca o empresário.
Os números que confirmam o interesse do público no produto motivaram Alves a tirar a empresa do papel. Com insistência e uma xícara de café, ele conseguiu convencer a publicitária Juliane Maciel a embarcar no projeto. A sócia observa que, até então, tinha aversão à bebida.
"Eu só entrei na sociedade porque passei a gostar de café depois de experimentar um especial e fiquei pensando sobre o quanto as pessoas desconhecem um café de qualidade", conta Juliana.
"Nem todo café vendido nos supermercados como especiais são de fato de uma qualidade superior. Existe uma série de atributos que precisam ser seguidos", detalha a empresária.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais define a versão premium da bebida como aquela que é livre de impurezas, tenha lote rastreável e atenda critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social.
Os grãos são avaliados por especialistas que dão uma nota que vai de 0 a 100. Só são considerados especiais os que atingem o mínimo de 80. As sacas diferenciadas podem custar até R$ 20 mil, contra R$ 8 mil das versões tradicionais.
"Se eu ouvir falar de um produtor que tem um café legal, vou até a fazenda, provo o produto e mando para avaliação técnica", relata Daniel Alves sobre o processo de seleção dos grãos vendidos na Oitenta Café. A cartela da empresa conta até com lotes premiados.
Juliano Taraba, superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, afirma que o mercado tem expectativa promissora. Além de dar suporte aos produtores, a instituição avalia as safras da região onde atua e concede um selo aos lotes que atendem aos critérios de café especial. Segundo Taraba, em 2021, a federação registrou um aumento de 61% nos títulos concedidos.
"Esses números indicam que o consumidor está procurando mais qualidade e produtos selecionados, então estamos atuando para garantir isto", concluiu o especialista.