Rompimento da barragem da Vale deixou 270 vítimas, 11 delas ainda estão desaparecidas
Reprodução/Record TVDepois de mais uma audiência sem acordo, o Governo de Minas, Ministério Público e Defensoria Pública de Minas Gerais deixaram a mesa de negociações e decidiram encerrar a tentativa de conciliação com a Vale.
A gota d'água foi a contraproposta da mineradora, de R$ 29 bilhões, quase metade do pedido apresentado pelo Governo de Minas. O valor diz respeito a reparações econômicas e danos sociais causados pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, em janeiro de 2018.
O governo estadual esperava receber uma contraproposta próxima dos R$ 40 bilhões, mas a mineradora não concordou com o valor. Agora, a Vale tem até o dia 29 de janeiro para apresentar uma proposta final. Caso isso não aconteça, o processo volta a ser julgado pela primeira instância da Justiça.
De acordo com o secretário-geral do Estado, Mateus Simões, os valores foram considerados baixos.
- É o momento de a Vale assumir a sua responsabilidade, agir com dignidade e reparar os danos que foram causados aos mineiros ou demonstrar o seu antagonismo com Minas Gerais e a sua posição de inimiga dos mineiros.
Ainda segundo Simões, o Executivo mineiro não tem intenção de "entrar em um leilão" com a mineradora.
- Os projetos que foram apresentados somam um valor que é o mínimo necessário para garantir a recomposição dos danos gravíssimos causados para a população atingida.
Ainda conforme Simões, ou as partes assinarão o maior acordo da história do Brasil ou a Vale receberá a maior condenação a uma empresa na história do páis.
- Não estamos aqui para pedir uma ajuda para a Vale. Ela é a criminosa neste processo e precisa mostrar um pouco mais de contrição, demonstrar que ela se arrepende e reconhece a sua responsabilidade e está disposta a por isso pagar o que tem que ser pago para a reparação”
Representantes do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) e do MPF (Ministério Público Federal) endossaram o coro do Governo de Minas e disseraram que as instituições estão unidas na decisão.
O procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, disse que a posição das instituições é firme em defesa dos atingidos, do meio ambiente e de Minas Gerais.
- Nós não vamos assinar, não concordamos e não aceitamos que valores fiquem abaixo de tudo o que foi feito até agora. A companhia tem que entender que ela causou um mal muito grande ao Estado e tem a oportunidade de reparar
Já o procurador da República Edilson Vitorelli disse que o valor "está muito aquém das necessidades do Estado e das pessoas atingidas."
Outro lado
Em nota, a Vale afirmou que "reconhece, desde o dia do rompimento, sua responsabilidade pela reparação integral dos danos causados" e que tem prestado assistências às famílias e regiões impactadas.
A mineradora cita que pagou indenizações individuais a cerca de 8.700 pessoas e que já destinou cerca de R$ 10 bilhões a ações de reparação.
"A Vale considera fundamental reparar os danos causados de maneira justa e ágil e tem priorizado iniciativas e recursos para este fim", diz trecho da nota.
Ainda de acordo com a Vale, "embora as partes não tenham chegado a consenso, a divergência concentra-se em aspectos relacionados a valores a serem pagos e à sua destinação", diz a nota.