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MG investiga aumento de internações por covid no Triângulo

Na contramão dos dados estaduais, Uberlândia (MG) registra crescimento de casos e acende alerta em especialistas

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Uberlândia se aproximou de colapso em hospitais
Uberlândia se aproximou de colapso em hospitais

O Governo de Minas Gerais investiga o que pode ter causado um aumento de internações por covid-19 na região do Triângulo Mineiro. A área é a única do Estado com cidades na onda vermelha devido à demanda hospitalizar.

Nas últimas semanas, a cidade de Uberlândia, a 536 km de Belo Horizonte, viu a busca por internação em UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) crescer, chegando próximo a um colapso no início do mês.

Dados da prefeitura apontam que os hospitais da cidade atenderam em média 185 pessoas entre junho e junho. No início de agosto, o total chegou a 220, se aproximando do recorde de 270 internações registradas em março deste ano, em meio ao pico da pandemia.

A cidade tem 61,60% dos moradores atendidos com a primeira dose da vacina contra a covid-19 e 30,99% com o ciclo vacinal completo, que está dentro da média estadual que é de 67,86% e 29,63%, respectivamente.


Explicação

Os índices da cidade vão na contramão dos registros do Estado, que identificou redução das internações nas últimas 13 semanas consecutivamente. A explicação sobre o cenário ainda é um mistério tanto para os gestores locais quanto estaduais.


"O momento demanda cautela e atenção aos protocolos sanitários e medidas não farmacológicas – higienização das mãos, uso de máscaras, uso de álcool gel, etiqueta da tosse – e medidas de distanciamento social", destacou o governo em nota.

Especialistas consultados pelo R7 acreditam que a mudança de cenário pode ter relação com uma possível circulação da variante delta na região. O epidemiologista Stefan Vilages de Oliveira, professor do departamento de saúde da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e coordenador de um projeto que monitora os dados da pandemia na região, avalia como "crítica" a situação do Triângulo Mineiro.


— Estamos nesta crescente com a ocupação de leitos que acontece nos mesmos moldes do que ocorreu no início deste ano, quando viemos a descobrir uma predominância da variante P1 na região.

Os dados oficiais do Governo de Minas, no entanto, ainda não confirmaram a presença da mutação da delta, considerada mais transmissível, nas cidades da região. Oficialmente, o poder público não registrou circulação local da variante.

De acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saúde), em média, 180 materiais genéticos estão sendo mapeados semanalmente. Eles são de pacientes de nove regiões, escolhidas de forma estratégica, segundo o governo.

No Triângulo, a cidade monitorada até o momento foi Uberada. "O critério para escolha da amostragem junto às regionais foi de localização geográfica", pontuou a SES.

Renan Pedra, pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), membro do laboratório responsável por fazer as análises, explica que Uberlândia ainda não entrou na lista por limitação de logística. O especialista acredita que os dados da cidade serão incluídos no estudo nas próximas semanas.

Em reunião na última semana, o Secretário de Saúde de Uberlândia anunciou que a cidade vai contratar uma empresa de Goiás para avaliar a possível presença da delta na cidade.

Cuidados

Outra hipótese levantada por Oliveira é o possível relaxamento da população em relação à prevenção.

— Há chances destas pessoas que tomaram a primeira dose pensarem que estão totalmente protegidas e voltarem a ter uma vida comum. Estamos vendo na região casos de aglomerações e bares lotados. Isso favorece o cenário de proliferação do vírus.

Unaí Tupinambás, infectologista e professor da UFMG, destaca que os pesquisadores ainda não têm resultados conclusivos sobre os impactos da mutação indiana em meio à população. Ele lembra que países como Israel, que tem quase 80% dos moradores imunizados, voltaram a determinar medidas de isolamento em meio a um crescimento de casos. O médico também chama atenção para os cuidados pessoais.

— Mais do que nunca, precisamos voltar a falar de proteção e distribuir máscaras de boa qualidade em áreas de movimento para mostrar à população que as máscaras funcionam.

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