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MG tem 50 barragens de mineração em nível de alerta ou emergência

Especialista explica significado de cada tipo de classificação; entenda problema identificado em barragem de Ouro Preto (MG)

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Segundo a Vale, a barragem Forquilha V não tem influência sobre outras barragens do complexo Reprodução/Google Street View

Dados da ANM (Agência Nacional de Mineração) apontam que 50 das 337 barragens de mineração de Minas Gerais estão classificadas com algum nível de alerta ou emergência. Dentre elas, está a Forquilha V, da Vale, em Ouro Preto, a 96 km de Belo Horizonte, que recebeu classificação de alerta, nesta segunda-feira (05), após a identificação de rachaduras na estrutura.

Veja a classificação das barragens mineiras segundo a ANM:

• Alerta: 20

• Emergência 1: 23


• Emergência 2: 4

• Emergência 3: 3


A classificação é usada pela ANM para monitorar a situação das estruturas. O nível Emergência 3 representa o cenário mais crítico da escala, indicando chance de ruptura iminente. A classificação “alerta” foi criada nas atualizações das leis ligadas ao monitoramento de barragens. O engenheiro civil Carlos Martinez, professor do departamento de engenharia da Universidade Federal de Itajubá, explica que o novo termo é o mais baixo da escala.

“A barragem é como o paciente cardíaco. Quando ele começa apresentar sintomas, coloca ele alerta para começar a cuidar da saúde. A ideia é ir atrás dele e dizer que a situação não está boa”, compara o especialista.


Na avaliação do professor, a fiscalização das barragens no Brasil melhorou após os dois rompimentos nas cidades mineiras de Mariana e Brumadinho, em 2015 e 2019, respectivamente. Dentro os pontos de avanço, para o especialista, está a previsão mais nítida de responsabilização pelos responsáveis pelos reservatórios e instituição da figura do engenheiro de registro, responsável por registrar os dados da barragem, tendo poderes para apontar possíveis erros e indicar melhorias.

Por outro lado, Martinez cobra a obrigatoriedade de monitoramento remoto e eletrônico de todas as barragens e questiona qual será o futuro dos reservatórios que estão sendo desmontados no chamado processo de descaracterização.“Quem vai ficar responsável por manter a descaracterização daqui 100 anos? A legislação é vaga quanto a isso. Não temos um fundo destinado à manutenção dessas estruturas no futuro. Acho que seria importante criar, com gestão do estado”, sugere.

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Barragem Forquilha V

Nesta segunda-feira (05), uma equipe da ANM vistoriou a barragem Forquilha V, da Vale, em Ouro Preto, a 96 km de Belo Horizonte, após a mineradora identificar e comunicar sobre a ocorrência de fissuras na estrutura.

“Como resultado, foi exigida a realização de limpeza e acompanhamento com instalação de extensômetros, para verificar se há tendência de progressão ou estabilização. Adicionalmente, exigiu-se a elaboração de um estudo de tensão-deformação para auxiliar na determinação das causas prováveis e permitir o acompanhamento futuro de eventuais deformações na estrutura”, informou a ANM.

O órgão fiscalizador ainda determinou que a mineradora “realize inspeções diárias e encaminhe um relatório semanalmente, detalhando o comportamento das fissuras identificadas e elencando as medidas tomadas para a garantia da segurança do barramento”.

Procurada, a Vale afirmou que, apesar do problema, a estrutura “não sofreu alterações nas suas condições de estabilidade e permanece com Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) e Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) positivas vigentes”.

A barragem Forquilha V começou a ser construída em janeiro de 2017 e entrou em operação em março de 2021. Ela recebe rejeitos de minério de ferro. Atualmente a estrutura guarda 2,6 milhões de metros cúbicos de rejeito, o suficiente para construir uma pirâmide de Quéops, uma das maiores do Egito. A barragem mede 99,2 metros.

“Um plano de ação já está em andamento para diagnóstico e tratamento. A Vale reforça que a barragem Forquilha V não tem influência sobre outras barragens do complexo e não há comunidade e estruturas operacionais na sua Zona de Autossalvamento (ZAS). A estrutura está sem operar desde 2023 e é monitorada 24 horas por dia, 7 dias por semana pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) da empresa”, completou a mineradora.

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