Minutos antes de morrer em queda de helicóptero em Ouro Preto, médico ligou para a esposa
Conversa do casal evidencia a preocupação da tripulação em relação ao mau tempo para o voo na cidade histórica de Minas Gerais
Minas Gerais|Paula Abranches, da RECORD Minas e Pablo Nascimento, do R7
Minutos antes de morrer na queda do helicóptero do Corpo de Bombeiros em Ouro Preto, a 96 km de Belo Horizonte, o médico Marcos Rodrigo Trindade, então com 36 anos, ligou para a esposa. A mulher estava em casa com as filhas. A conversa entre eles demonstra o clima entre a tripulação e os fatos que antecederam a tragédia, que matou seis pessoas.
“Ele me ligou por volta das 17h20 falando que não daria para voar por causa do mau tempo. Ele disse que um carro iria voltar de BH para buscá-los e falou que chegaria tarde em casa. Depois disso, ele falou: Nossa, espera. Está acontecendo alguma coisa ali. Depois eu te ligo’”, relatou Bruna Menezes, casada há seis anos com o médico.
A mulher conta que o marido colocou o celular no bolso, mas não encerrou a chamada. Neste momento, ela o ouviu dizer em tom de brincadeira: “temos que dormir em casa”. Em seguida, Bruna ouviu o barulho da hélice aumentar. “Nesse momento, ele disse: ‘você vai tentar?”. Na hora eu não sabia o que era o tentar”, completou a esposa sobre a última vez em que ela ouviu a voz do marido.
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Sem conseguir contato com o marido durante a noite, Bruna acionou a central de operação do Corpo de Bombeiros por volta da meia noite. “Minhas filhas estavam o esperando para dormir. Então, comecei a ficar preocupada”, contou. “Me disseram que perderam o sinal da aeronave 13 minutos depois de quando eu conversei com ele. A informação que me passaram foi que o piloto havia dito que o tempo havia estabilizado e iriam tentar voltar”, conta.
A aeronave foi encontrada na manhã seguinte, no alto de uma serra em Ouro Preto. A suspeita é que a aeronave tenha explodido após se chocar contra o monte. Todos os seis ocupantes morreram.
Mais conhecido como Rodrigo Trindade, o médico fazia parte da equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Segundo Bruna, o marido amava o trabalho e, inclusive, havia deixado a equipe de resgate por um tempo, mas decidiu voltar para o ofício. Trindade deixa a esposa e duas filhas, de 3 e 6 anos.
“Me lembro que nesse dia ele saiu bem cedo. Eu acordei com o cheiro do perfume dele. Lembro de ver a sombra dele na parede do corredor, além dele saindo e fechando a porta para não nos acordar”, relata Bruna sobre as últimas memórias que tem do marido.
Veja quem são as vítimas da queda do helicóptero em Ouro Preto:
- Wilker Tadeu Alves da Silva - comandante do helicóptero
- Victor Stehling Schirmer - tenente do Corpo de Bombeiros
- Welerson Gonçalves Filgueiros - sargento do Corpo de Bombeiros
- Gabriel Ferreira Lima e Silva - sargento do Corpo de Bombeiros
- Marcos Rodrigo Trindade - médico do Samu
- Bruno Sudário França - enfermeiro do Samu
Despedidas
Os corpos das seis vítimas da tragédia foram velados neste domingo (13), na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Eles serão sepultados durante a tarde. Parentes, familiares e autoridades acompanharam a cerimônia. Dentre elas, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o comando do Corpo de Bombeiros e o secretário de Estado de Segurança Pública, Rogério Greco.
As causas do acidente ainda vão ser identificadas. Equipes do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e da Polícia Civil acompanham o caso. O helicóptero caiu durante uma operação para resgatar um piloto que morreu com a queda de um avião monomotor horas antes, em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto.
“Foram pessoas brilhantes”, lembra coronel do Corpo de Bombeiros sobre militares mortos em acidente: