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Moradores de Brumadinho (MG) sofrem com falta de alimentos

De acordo com líder comunitário, na época da tragédia as doações chegavam a todo momento; agora os moradores voltam pra casa com mãos vazias

Minas Gerais|Matheus Renato Oliveira, do R7*, com Regiane Moreira, da Record TV Minas

Alimentos estão escassos em Brumadinho (MG)
Alimentos estão escassos em Brumadinho (MG)

A escassez de alimentos começa a fazer parte da vida de quem perdeu tudo depois do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesta terça-feira (12), a Defesa Civil confirmou que a tragédia matou, até o momento, 201 pessoas e deixou outras 107 desaparecidas. 

Os moradores atingidos apontam dificuldades na distribuição dos donativos. E a ajuda, que foi tão farta quando a tragédia aconteceu, já não não chega com a mesma frequência.

Veja mais: Vídeo mostra barragem da Vale se rompendo e lama se espalhando

Vários voluntários trabalham incansavelmente para amenizar os traumas das famílias atingidas. Daniel Reis, psicólogo da ONG NaAção, está em Brumadinho desde o dia 26 de janeiro. Ele explica que são cerca de 15 psicólogos, assistentes sociais e recreadores por dia na cidade. Segundo ele, as vítimas da tragédia da Vale reclamam da falta de doações.


— A gente tem ouvido muitas histórias de angústia e tristeza. Em relação às perdas de vida quanto materias. E também das necessidades de suprimento. Pessoas precisando de alimento e água, e nem sempre tem disponível.

O trabalho da equipe também está comprometido. O transporte que a mineradora oferecia aos voluntários da ONG foi suspenso. A prefeitura disponibiliza condução três vezes por semana, mas para Daniel não é o suficiente. Somente na região onde ele atua, 50 famílias precisam de cuidados. São cerca de 200 pessoas.


— A gente sabe que não é suficiente estar aqui só três vezes por semana.

As condições totalmente desfavoráveis mexem com o lado emocional da Renata. Ela é de uma família de produtores rurais. A renda que vinha da terra não existe mais. As doações também estão escassas, o que só faz aumentar o sofrimento.


— Não tem renda mais. Não tem dinheiro pra comprar uma carne pra dentro de casa. Estamos vivendo de doações de cestas básicas, mas últimamente não tá tendo.

Edmar Vital, líder comunitário, explica que as doações diminuíram consideravelmente.

— No início teve muita doação. Alimentos, água, produtos de higiene pessoal. Todo morador que chegava aqui era atendido. Hoje acabou, eles chegam aqui e não tem nada pra levar pra casa. Eles clamam por doação.

A Defesa Civil de Brumadinho ainda não respondeu à solicitação da Record TV, para saber por que os donativos não estão chegando até os moradores.

A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) respondeu à solicitação e informou que a água tratada que abastece os bairros Parque das Cachoeiras, Parque do Lago e Alberto Flores é monitorada por exames laboratoriais e está dentro dos padrões legais de qualidade.

A Vale, por sua vez, informou que não tem nenhuma relação com o instituto NaAção e que os serviços de acolhimento médico e psicossocial são oferecidos por empresas contratadas pela mineradora.

* Estagiário do R7, sob supervisão de Flavia Martins y Miguel

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