Movimentação em estrutura da Vale em MG já chega a 9 cm por dia
Governo diz que queda do talude é inevitável; mineradora teme que desmoronamento abale a barragem que fica a 1,5 km de distância
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Os últimos relatórios técnicos da mineradora Vale referentes à mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, a 93 km de Belo Horizonte, indicam que a movimentação no talude da estrutura já chega a 9 centímetros por dia. A informação foi repassada ao R7 por representantes da ANM (Agência Nacional de Mineral), na manhã desta terça-feira (21).
Desde a última semana, a empresa alertou os órgãos públicos sobre o risco de desmoronamento do talude, que é uma espécie de terreno inclinado que dá sustentação à cava da mina. Em condições normais, a estrutura apresentava movimentação de 10 centímetros por ano. Contudo, a mineradora percebeu um aceleramento no processo.
Quando a Defesa Civil foi acionada no dia 13 de maio, o deslocamento diário era de 4 centímetros. De acordo com o Wagner Nascimento, chefe da divisão de segurança de barragens de mineração da ANM, a mineradora informou ao órgão que em alguns pontos a movimentação já chega a 9 centímetros por dia, quase o mesmo valor esperado para um ano. E o deslocamento deve continuar aumentando.
— O talude é uma estrutura grande. Em algumas áreas, a movimentação se mantém em 7 centímetros, já em outras, chegam a 9.
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De acordo com relatório enviado pela Vale ao Ministério Público de Minas Gerais, não é possível afirmar que o deslizamento do talude vai impactar a barragem Sul Superior, uma vez que as estruturas ficam distantes 1,5 km uma da outra.
A barragem está em nível três de alerta, o que indica risco iminente de rompimento, desde o mês de março. Devido à situação, o documento alerta para a possibilidade de a vibração da queda do talude afetar a estrutura de contenção de rejeitos.
Segundo Nascimento, a ANM tem o desmoronamento do talude como inevitável.
— É uma estrutura que não tem como intervir nela. A queda vai ocorrer. Tem é que monitorar porque quando vir a romper, pode gerar a vibração. Também pode ser que a vibração nem aconteça, se o talude continuar descendo devagar.
Sobre a situação, a Vale informou que monitora a estrutura 24 por dia, de forma remota. Na última quinta-feira (16), a Justiça do Trabalho determinou que a empresa não permita que funcionários trabalhem no local até que a segurança seja reestabilizada.
Confira a nota da Vale na íntegra:
“A Vale informa que a Cava da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), vem sendo monitorada 24 horas por dia de forma remota, com o uso de radar e estação robótica capazes de detectar movimentações milimétricas da estrutura, além de sobrevoos com drone. O vídeo-monitoramento é feito em tempo real pela sala de controle em Gongo Soco e no Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) - quatro equipamentos estão localizados na sala de controle em Gongo Soco e outros dois no CMG.”