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Mulher adota paciente com câncer abandonada pela família

Maria Verônica Grossi, 34 anos, decidiu em janeiro deste ano que iria adotar Maria Martins Ferreira, 59 anos, que foi abandonada pela família em 2018

Minas Gerais|Clara Mariz, do R7*

Verônica decidiu adotar Dona Maria este ano
Verônica decidiu adotar Dona Maria este ano

O amor de mãe e filha comoveu os moradores da zona rural de Carangola, na Zona da Mata, a 349 km de Belo Horizonte. Maria Verônica Grossi, 34 anos, depois de conhecer Maria Martins Ferreira, de 59 anos, resolveu adotar a mulher que foi abandonada pela família.

A história das duas começou há onze anos quando Verônica, como ela prefere ser chamada, começou a trabalhar em um posto de saúde no distrito de Conceição, que pertence a Carangola.

Por se tratar de uma localidade rural, as casas ficam afastadas umas das outras e a unidade de saúde também fica distante das residências. Verônica, que é técnica em enfermagem, desde então, faz atendimento domiciliar aos idosos da região.

Durante umas dessas visitas, ela conheceu Dona Maria. Ela conta que foi amor à primeira vista e desde então as duas se aproximaram como velhas conhecidas.

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— Quando eu conheci a Dona Maria eu me apaixonei por ela. É engraçado como nós somos idênticas. Eu não me pareço tanto com a minha mãe quanto eu pareço com ela.

O encontro das amigas começou com algumas dificuldades. A senhora morava, à época, com a filha, o genro e um neto, ainda bebê. Verônica conta que, assim que chegou à casa da família, percebeu que a mulher tinha algum problema de saúde e passava por dificuldades. Ela lembra que a filha não gostava dela e tentava afastá-la de Dona Maria.

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— Eu marcava os médicos para a Dona Maria mas ela não deixava a mãe ir. Não gostava que nós duas fôssemos próximas e sempre me recebia mal. Eu nunca me intimidei e continuei visitando a minha amiga.

Há cinco anos, o laço das mulheres se estreitou. Maria se mudou para a casa ao lado da técnica e as visitas começaram a ser mais frequentes. Neste momento, Verônica percebeu que a senhora sofria agressões físicas e verbais.

— Ela passava fome, então, ia a minha casa para pedir comida. Uma vez eu vi a filha dar um tapa forte na mão da mãe que ela caiu no chão.

Abandono

Dona Maria foi encontrada desmaiada em casa
Dona Maria foi encontrada desmaiada em casa

A família de Verônica também ficou muito próxima de Dona Maria. Por morarem próximos uns aos outros, ela ficou querida entre todos.

De acordo com a técnica em enfermagem, um dia ela sentiu a falta das visitas da amiga e percebeu que já tinha uma semana que a senhora não aparecia em sua casa. Verônica conta que questionou sua mãe, que também estranhou o fato de não estar saindo fumaça do fogão à lenha de Dona Maria.

Ao chegar na casa da senhora, Verônica encontrou a residência revirada e Dona Maria caída no chão ao lado da cama. Ela a levou para o hospital e a internou com pressão alta e desnutrição grave.

— Eu a encontrei desmaiada no pé da cama. A princípio eu achei que ela estava morta e entrei em desespero, ela não tinha sinais de violência mas estava muito suja e debilitada. Nós a colocamos no carro e a levamos para o hospital.

Dois dias após o episódio Verônica foi procurar a filha da amiga. Ela queria saber o porquê de ela ter deixado a mãe naquelas condições. A mulher respondeu que tinha mais obrigações e a mãe estava acostumada a ficar sozinha.

Verônica acompanhou a amiga durante todo o período de internação. A filha assinou uma procuração permitindo que ela fosse responsável por Maria.

Processo de Adoção

Enquanto estava no hospital, os médicos descobriram que Dona Maria tinha com um tumor entre o coração e o pulmão. Foi nesse momento que Verônica decidiu adotá-la. Segundo ela, Maria não é aposentada e não recebe nenhum tipo de benefício, e por isso, nenhum asilo queria aceitá-la.

Eu decidi torná-la oficialmente da minha família porque ela não tinha ninguém. Eu peguei um amor que uma mãe tem por uma filha.

Verônica tem um filho de 14 anos e o informou da decisão que estava prestes a tomar. O jovem já conhecia a mulher e aceitou de prontidão. A mãe contou para ele que não seria fácil e algumas coisas iriam mudar mas, mesmo assim ele estava alegre para ter a senhora como parte da família.

Dona Maria mora com Verônica
Dona Maria mora com Verônica

A tarefa da técnica de enfermagem agora era ver com a amiga se ela gostaria de ir morar com ela.

— Eu disse para a Dona Maria que precisava conversar um coisa séria com ela e a perguntei se ela queria ir morar comigo. Ela pegou a minha mão, começou a chorar e disse: “Minha filha você vai ter coragem de me tirar desse sofrimento?”

Desde então, Verônica está com uma ação de adoção na Justiça. Este é o segundo caso de adoção de idosos no Brasil. O primeiro aconteceu em 2016 em Araraquara, no interior de São Paulo.

Primeiras vezes

Dona Maria não teve alguns pequenos prazeres da vida. Ela nunca havia ido a um restaurante ou tomado um banho de piscina. Mas, desde que começou a viver com Verônica, a mulher tem desfrutado de momentos únicos que para qualquer um pode ser considerado algo simples.

— Uma vez eu disse a ela que no domingo nós íamos a uma piscina. O dia estava nublado e nós éramos os únicos na água mas, mesmo assim, ela se encantou com o dia.

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