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Pais enterram filha no quintal de casa e juíza manda exumar corpo

Jovem morreu em acidente no último dia 11 de maio, em Santo Antônio do Monte

Minas Gerais|Márcia Costanti,do R7

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Jovem morreu no último dia 11 de maio em um acidente
Jovem morreu no último dia 11 de maio em um acidente

Uma família de Santo Antônio do Monte, no centro-oeste do Estado, passou pela dor de enterrar uma jovem de 18 anos três vezes em apenas nove dias. Bianca Rodrigues Silva, de 18 anos, perdeu a vida em um acidente de carro no dia 11 de maio.

Abalados, os pais sepultaram a filha no cemitério local. Dias depois, no entanto, pediram autorização à prefeitura e à Polícia Civil para transferirem o corpo da universitária para o terreno da casa onde vivem e conseguiram a permissão. A polêmica, no entanto, começou na última terça-feira (20), quando a juíza Lorena Teixeira interviu, expediu um mandado de busca e apreensão e ordenou que a garota fosse novamente enterrada no cemitério.


De acordo com o advogado da família, Bruno César de Melo, explica que a magistrada alegou que havia riscos para a saúde pública do município e, além disso, ela avaliou que o episódio abrira precedente para novos casos. No entanto, o defensor afirma que o pai de Bianca, que é engenheiro civil, fez todos os procedimentos de acordo com as normas da Vigilância Sanitária e conseguiu, inclusive, um laudo que comprova a impermeabilidade do terreno. Além disso, ele ressalta que não há impedimento legal para o sepultamento na casa dos familiares.

— Como é um caso completamente atípico, não tem lei nenhuma que regulamenta isso. Quando não tem lei, você entende que pode fazer. O local que a juíza entende como adequado é o cemitério, mas no caso do Daniel [pai de Bianca], ele tem laudos que atestam que não vai causar nenhum impacto ambiental.


Ainda conforme Melo, ele aconselhou seus clientes a tirarem os próximos dias de folga antes que resolvam quais providências vão tomar.

— A gente vai se reunir na próxima semana para saber o que eles vão fazer, se vão recorrer.


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Indignado com a decisão judicial, o pai da jovem, Daniel Rodrigues da Silva, afirma que a filha foi tratada "como um sofá", sendo "jogada de um lado para o outro. Ele argumenta que possui um imóvel grande, cujo terreno mede cerca de 1.800 m², tendo condições suficientes para manter o corpo da filha no local. Silva alega ainda que correu atrás de toda a documentação necessária para regularizar o enterro.


—Consultei o advogado, pedi autorização municipal e da Polícia Civil, consegui os documentos. O delegado permitiu, falou que teria que pagar o traslado do corpo pela funerária. Eu paguei, trouxe e enterrei a minha filha, fiz a sepultura arrumadinha, afinal era o último dinheiro que eu ia gastar com ela.

Ele contraria ainda a alegação da Justiça com relação aos riscos trazidos para a saúde pública. Segundo Silva, o terreno do local é de "baixíssima impermeabilidade" e "tão duro que nem as plantas vão para frente". Ainda abalado com tudo que vem acontecendo, ele acredita que a mobilização popular em torno do pedido da família motivou a decisão da magistrada.

—As pessoas tiveram a capacidade de falar que eu estava tendo o privilégio de enterrar uma filha em casa, mas quem quer ter isso? Isso não é um capricho nosso, a gente trouxe porque ela era muito caseira, gostava de ficar em casa. A mãe dela gostaria também de ter este conforto, poder passar por ali e ver o jazigo, conversar.

O pai de Bianca lamenta ainda a forma como o corpo da filha foi retirado do local. Segundo ele, a Justiça agiu com "truculência" e ordenou uma força policial para fazer a transferência até o cemitério.

—Eu entrei com alvará para saber o que seria preciso a mais para gente regularizar, mas ela simplesmente agiu, não quis conversar com a gente. Acho que tinha que haver respeito. Desde o início, eu tentei agir o mais dentro da lei possível e a lei agiu comigo com brutalidade.

A reportagem do portal R7 tentou entrar em contato com o fórum da cidade, mas ninguém foi localizado para falar sobre o assunto. Bianca era universitária e cursava o primeiro ano de Engenharia Civil na Unifor, em Formiga, cidade vizinha.

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