Pescador é atingido por dois desastres com barragens em Minas
Alecsandro Silva se mudou de Governador Valadares para Brumadinho, após desastre de Mariana, em 2015, que poluiu o rio Doce
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Três anos após ter sido obrigado a mudar de cidade para fugir da destruição causada pela lama de rejeitos da barragem de Fundão, em Mariana, a 117 km de Belo Horizonte, o pescador Alecsandro Lopes da Silva vive novamente o drama de perder a sua fonte de renda. Agora, em um novo cenário: Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
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O pescador, nascido e criado nas cidades que margeiam o rio Doce, sempre viveu da renda que “vinha do rio”. Até o final de 2015, ele morava com a mulher, que estava grávida, e os dois filhos em Governador Valadares, a 335 km de BH. Porém, a lama de rejeitos da barragem da Samarco atingiu a bacia do rio Doce e acabou com a sua fonte de sustento.
— Quando a lama chegou na cidade, já chegou matando os peixes todos. Depois de uns dias, quando não tinha água potável, meu sogro se ofereceu para nos trazer para Brumadinho.
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Em uma nova cidade e já com três filhos pequenos, o pescador encontrou no rio Paraopeba um novo local de trabalho. Após alugar uma casa na região ribeirinha, passou a lutar para deixar as contas em dia. Foram três anos de atividade incessante, até que a última pescaria, na sexta-feira (25).
— Agora não tem peixe mais. Estão todos mortos. Meu pai me ensinou a pescar e eu vivo disso. Agora, não sei o que vou fazer porque toda renda da casa vem do peixe.