Polícia investiga homem que se passava por juiz para dar golpes
Suspeito frequentava a Câmara de Conciliação de São Joaquim de Bicas (MG) e vendia lotes mesmo sem ser o proprietário; Justiça desconhece registro
Minas Gerais|Célio Ribeiro*, do R7, e Regiane Moreira, da Record TV Minas
Um homem que se passava por juiz de conciliação na cidade de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, é acusado de aplicar golpes na venda de lotes. Mesmo sem registro, o suspeito frequentava a Câmara de Conciliação da Cidade.
Valter Pereira de Oliveira afirmava ser dono de terrenos em São Joaquim de Bicas e que também era autorizado a intermediar a negociação de lotes e até regularizar a documentação dessas vendas.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que não existe nenhum juiz conciliador em seus registros com o nome de Valter Pereira de Oliveira e ressaltou que todas as conciliações são feitas no Fórum da Comarca.
Uma família de Belo Horizonte, que preferiu não se identificar, contou que foi apresentada ao suposto juiz em fevereiro. Todas as negociações foram realizadas dentro da Câmara de Mediação do Município.
Mãe e filha assinaram os contratos de compra de três lotes e realizaram o pagamento no valor de R$ 51 mil. A família só suspeitou do golpe quando foi visitar o terreno.
— O meu marido foi limpar o lote e os vizinhos começaram a gritar, avisando que o lote tinha dono. Nós entramos em contato com os proprietários e eles realmente tinham o documento de posse.
A mulher então procurou o suposto juiz, que afirmou que havia sido contaminado pelo novo coronavírus e não poderia se encontrar com ela e nem mesmo atender telefonemas. Dias depois, mãe e filha fizeram um acordo com Valter, que ofereceu dois lotes para a família. O problema é que os lotes ofertados também não eram dele.
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Outro lado
Em contato com a reportagem, Valter Pereira de Oliveira afirmou que realmente é juiz de conciliação, mas as mediações aconteciam em caráter informal. Valter disse que irá quitar a dívida com a família, mas precisa de um prazo maior.
— Eu vi que não ia conseguir cumprir o prazo e liguei pra elas, pedi mais 15 dias. R$ 50 mil não são R$ 50.
A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou um inquérito para apurar essas e outras denúncias contra o falso juiz. Em nota, a Prefeitura de São Joaquim de Bicas afirmou que não possui nenhuma relação com a Câmara de Conciliação e que esse serviço é de responsabilidade do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).
*Estagiário do R7 sob a supervisão de Lucas Pavanelli