Prefeituras em MG rebatem uso de vacinas vencidas da AstraZeneca
Municípios alegam que aplicaram doses dentro do prazo e sugerem erro em sistema de registro do Ministério da Saúde
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Prefeituras de diferentes regiões de Minas Gerais rebateram, nesta sexta-feira (2), a suposta aplicação de vacinas contra a covid-19 da AstraZeneca com data de validade vencida.
Os municípios afirmam que usaram os medicamentos dentro do prazo previsto e sugerem uma falha no sistema do Ministério da Saúde que registra os dados da população vacinada.
As Prefeituras de Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana da capital mineira, relataram que, após a divulgação da suposta irregularidade pelo jornal Folha de S. Paulo, verificaram os cartões de vacina dos moradores que receberam os lotes citados e não encontraram irregularidades.
Segundo o levantamento feito pelo jornal por meio do cruzamento de duas bases de dados do Ministério da Saúde, 26 mil doses vencidas foram usadas no Brasil. Destas, 2.471 seriam em Minas Gerais. Belo Horizonte aparece na lista com aparente problema em 167 unidades e Contagem, com 33.
"O que ocorreu foi o registro da data de aplicação de forma incorreta no sistema do PNI [Plano Nacional de Imunização", rebateu a Secretaria Municipal de Saúde da capital mineira.
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Caroline Martins Sangali, secretária de Saúde de Governador Valadares, a 320 km de Belo Horizonte, cidade-polo da região Leste do Estado, disse à reportagem que também suspeita de falhas no sistema do Ministério da Saúde. O município aparece na lista como tendo aplicado 130 doses irregulares.
— Não houve nenhuma aplicação com vacinas vencidas em nossa cidade. Nós recebemos o lote no dia primeiro de março com vencimento para o dia 29 do mesmo mês e usamos a maior parte dele em um drive-thru no dia 2 de março. O sistema do Ministério da Saúde tem falhas, como o fato de eu não poder corrigir algum dado lançado de forma equivocada. Acredito que este pode ser mais um erro do sistema.
Juiz de Fora, localizada a 283 km de Belo Horizonte, e referência na Zona da Mata, e Teófilo Otoni, a 450 km da capital, também negaram a aplicação equivocada.
O Estado
O Governo de Minas Gerais declarou que os lotes citados na lista foram distribuídos para as regionais de saúde dentro do prazo de validade.
"Minas Gerais recebeu 3 dos 8 lotes citados pelo jornal Folha de S. Paulo. O lote 4120Z001, com vencimento em 29/03, foi distribuído às URSs em 26/02, 01/03 e 19/03. Já o lote 4120Z005, com vencimento 14/4, teve distribuição para as URSs no dia 12/03. Em 05/4, a SES-MG realizou a última distribuição do lote CTMAV506 que tinha o prazo de validade para 31/05", pontuou a Secretaria Estadual de Saúde.
O Ministério da Saúde
Procurado, o Ministério da Saúde reforçou que não distribui vacinas vencidas. A reportagem questionou o órgão federal sobre o possível erro no sistema da pasta, mas aguarda retorno.
"Segundo a orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local", avaliou o Ministério.