Público do Carnaval de Belo Horizonte cresce 950% em 10 anos
Saiba quanto os foliões gastam na cidade, o percentual de pessoas solteiras nos blocos e o impacto financeiro do evento
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Há uma semana a especialista em marketing Mariane Costa, de 37 anos, e um grupo de oito amigos tomaram uma decisão: vão cair na folia em Belo Horizonte neste ano.
O grupo de Campinas, interior de São Paulo, vai se juntar aos milhões que colocaram a festa da capital mineira entre as principais do país nos últimos anos. Apenas entre 2013 e 2023 o número de pessoas nos blocos de rua teve um salto de 950%, passando de 500 mil para 5,2 milhões.
"Estou muito empolgada. Vai ser a minha primeira vez em Belo Horizonte. Tudo começou com uma amiga minha que conheceu um rapaz da cidade e nos chamou para visitar Minas. Não foi possível ir em janeiro. Na semana passada, sentamos em um bar e decidimos ir, de última hora", conta Mariane.
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Parte virá para a capital mineira de carro. A outra parte, incluindo a Mariane, virá de avião. Na noite do ultimato, os colegas também decidiram ficar em um hotel na região central de BH.
"Escolhemos o Centro para evitar deslocamentos pela cidade, já que vimos que muitos blocos saem por ali. Estamos pagando R$ 500 na diária do hotel e eu paguei R$ 1.000 pelas passagens, mas vi passagem de ônibus leito a quase R$ 700", detalha.
Apenas com passagem e acomodação, o gasto de Mariane chegou próximo ao custo médio dos turistas que visitaram a cidade na folia passada, que era de R$ 1.679,90, um crescimento de quase 176% em comparação aos R$ 607,47 gastos pelos foliões de 2017. Dentre os moradores, o gasto médio subiu de R$ 303,50 em 2017, para R$ 506,65, uma variação de 69,9%.
Mariane também faz parte de outra estatística: está no grupo dos solteiros. Segundo o levantamento da prefeitura, 8 em cada 10 turistas que vieram curtir o Carnaval em BH estavam desimpedidos em 2023. "Quem sabe não vou encontrar um novo amor ai"? brincou a especialista em marketing.
O clima é parecido entre os moradores da cidade, já que 68% deles foram para o Carnaval 2023 livres.
Além da diversão, a festa tem impacto econômico. No ano passado, tanto turistas quanto moradores movimentaram R$ 721,6 milhões durante o evento, montante 1.260% superior aos R$ 53 milhões de 2016.
Um dos setores beneficiados é o da hotelaria. Segundo o Executivo Municipal, enquanto a ocupação geral era de 47,57% na festa de 2016, o percentual subiu para 68,02% no ano passado.
O 'raio-x' do Carnaval de Belo Horizonte também mostra dados como a faixa etária do público mais frequente, participação por gênero, número de ambulantes, escolaridade e a evolução histórica do perfil. Veja o perfil completo do público dos blocos de rua de BH:
Razões
Apesar do Carnaval marcar presença na cidade desde os primeiros anos da capital planejada, durante um tempo o clima de festa esfriou e os belo-horizontinos recorriam a outros municípios durante a festa. Na última década, movimentos populares fortaleceram a folia novamente. Ano a ano, o número de blocos de rua cresceu, chegando ao patamar atual.
A população local foi maioria (84,9%) do público de 2023, assim como nos anos anteriores. Pouco a pouco os turistas ocupam mais espaços. Desde 2015, o percentual de visitantes na festa oscilou de 11,3% a 19,9%.
Em 2024, a prefeitura cadastrou 536 blocos de rua. Os desfiles são divididos entre as nove regionais da cidade, o que desobriga o folião de ir longe de casa. Os grupos são diversos. Alguns arrastam mais de meio milhão de pessoas pelas principais avenidas de BH. Outros, fazem cortejo mais tímido em ruas menores.
Para Gilberto Castro, presidente da Belotur ( Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte), a pluralidade é um dos fatores que diferenciam a festa belo-horizontina.
"Antigamente, Belo Horizonte exportava folião. Hoje, a gente importa. Sabemos do impacto de uma grande festa em uma cidade como BH, mas a população a abraçou justamente pela diversidade. Temos blocos para cachorro, para crianças, para quem gosta de rock e quem gosta de axé", comenta.
"Por ter diversidade, ser gratuito e na rua, o Carnaval de BH ganha grande força. A cidade tem uma grande rede hoteleira preparada para receber os turistas, às vezes com valor até menor. Além disto, nenhum dos outros grandes Carnavais conseguem ter indicadores de segurança que nós temos", completa.
A folia na cidade já começou, neste fim de semana, com um evento teste para avaliar a qualidade das caixas de som que serão instaladas nas avenidas dos Andradas e Amazonas para reproduzir o áudio dos blocos. Apesar de já ter anunciado o número de blocos cadastrados, a prefeitura ainda não divulgou o calendário dos desfiles e local de contração de cada grupo. Segundo Gilberto Castro, a lista deve ser publicada na próxima semana. "Faltam definições de poucos blocos", concluiu.
Veja como foi o ensaio geral do Carnaval 2024 de Belo Horizonte: