Scanner 3D vai reconstruir cena de acidente que matou 41 em MG para apurar causas
Polícia esclarece que o objetivo é a complementação da perícia feita no dia do acidente; até o momento, 16 vítimas foram identificadas
Minas Gerais|Lucas Eugênio, da RECORD MINAS
Peritos utilizam scanner e tecnologias para reconstituir a dinâmica do acidente que matou 41 pessoas em Teófilo Otoni, a 450 km de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, os equipamentos vão reconstituir como a batida aconteceu.
De acordo com o perito Felipe Dapieve, “o scanner faz uma reconstrução do local, através de uma nuvem de pontos. Ele tem um feixe de laser, que trabalha 360º. Ele consegue reconstruir o local, mostrando a inclinação da via, a altura e a localização dos vestígios. Além de fazer o escaneamento, ele fotografa esse local”.
A polícia esclarece que o objetivo é a complementação dos exames periciais, que foram feitos no dia do acidente. “A gente trouxe o scanner 3D, para poder fazer o mapeamento virtual, o mapeamento tridimensional da cena do crime, para fazer o processamento posterior com simulação. A gente vai fazer a simulação e as medições para determinar a possível dinâmica do acidente”, explicou o perito criminal André Godoy, da Polícia Civil.
Até o momento, 16 vítimas foram identificadas, sendo 13 pelas digitais e três por odontologia legal, e 14 corpos liberados para as famílias. Os demais serão identificados com a ajuda do DNA.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, a primeira providência foi entender quem estava envolvido na ocorrência. “Ouvimos todos, periciamos os veículos e identificamos os corpos”, destacou Amaury Albuquerque. “Agora, nossa função está voltada para os procedimentos de polícia judiciária e inquérito policial”, completou.
Ainda não há conclusões sobre a dinâmica do acidente. Até o momento, a perícia não encontrou vestígios que confirmem a versão de que o pneu do ônibus teria estourado.
“Com relação a perícia, as linhas que são seguidas de acordo com os vestígios levantados ainda não permitem uma conclusão categórica sobre a questão do pneu. Ainda não foram encontrados vestígios nesse sentido. Mas, a gente não pode descartar enquanto os trabalhos não forem finalizados”, destacou Dapieve.
MG
Acidente
O acidente foi o maior em rodovias federais desde 2008. De acordo com o Governo de Minas, a principal linha de investigação seguida pela polícia é a de que o bloco de granito transportado pelo caminhão tenha se desprendido da carroceria e atingido o ônibus, causando o incêndio.
Segundo a Polícia Civil, “a partir do levantamento das notas fiscais, foi possível verificar, de uma maneira preliminar, que houve um excesso de peso no transporte. Ou seja, já haveria um indicativo de responsabilidade por parte do condutor”. A quantidade de carga que estaria acima do limite e a velocidade do veículo no momento do acidente não foram divulgadas pela polícia.
Motorista
O motorista da carreta foi ouvido pela polícia na delegacia de Teófilo Otoni. Ele fugiu do local após o acidente, na madrugada de sábado (21), e se apresentou à polícia na segunda-feira (23), quando prestou depoimento.
Apesar da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de Arilton Bastos Alves ter sido suspensa após uma blitz em 2022, como divulgado pela polícia em coletiva de imprensa, o homem recebeu uma liminar do TJES (Tribunal de Justiça do Espírito Santo) revogando a decisão. Segundo a Justiça, o processo foi instruído de forma irregular, por violar regras do CTB (Código de Trânsito Brasileiro).
Defensoria
As Defensorias Públicas de Minas Gerais, São Paulo e Bahia uniram esforços para atender familiares de vítimas de acidente. Entre os serviços prestados estão o auxílio na obtenção de atestados de óbito e outros documentos necessários, além de orientação jurídica para possíveis ações de reparação de danos.
Como o acidente ocorreu em Minas Gerais, a Defensoria do estado centralizou os atendimentos pelo telefone (31) 98477-7914. A partir desse contato, as demandas são compartilhadas com as Defensorias da Bahia e São Paulo.