Um ano após tragédia, rio Paraopeba segue contaminado
SOS Mata Atlântica identificou a presença de metais pesados no rio, que não tem água própria para consumo humano em nenhum dos 2 mil km
Minas Gerais|Do R7
O rio Paraopeba, atingido pela lama da barragem da Vale, está na UTI. Um ano após a tragédia, análises da água feitas por pesquisadores do SOS Mata Atlântica revelam um resultado alarmante. Há contaminação por ferro, manganês e cobre.
O estudo aponta ainda que rio não tem água própria para uso humano em nenhum dos 2 mil km de extensão.
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Marta Marcondes, bióloga da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, diz que o rio está na UTI, mas não está sendo tratado.
“É a mesma coisa que você que estiver na UTI. Se não tratar, não tiver monitorando, você vai morrer”.
Em 11 pontos analisados, os rejeitos da água não permitem sequer a presença de vida aquática. A contaminação de outros córregos e poços artesianos é inevitável.
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“A Vale é a causadora do problema e tem que se responsabilizar por isso”, diz Marta Marcondes.
Toda a população que vive na extensão do rio está sendo prejudicada. A água das torneiras sai amarela e os moradores até hoje recebem água mineral, fornecida pela Vale por ordem judicial. A distribuição é feita uma vez por semana e cada família tem direito a 45 litros de água.
Também dispararam os atendimentos no posto de saúde. As principais queixas são problemas respiratórios e de pele.
Diante de todos os problemas decorrentes da tragédia, as comunidades de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, as mais próximas da barragem que se rompeu, perderam metade dos moradores depois do crime da Vale.
Alguns saíram às pressas, só com a roupa do corpo, e nunca mais voltaram.
Com falta de clientes, o comércio fechou as portas e, um ano após a tragédia, a situação segue incerta.
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