Barragem de Ouro Preto (MG) passou para nível 2
Divulgação / ValeA mineradora Vale elevou temporariamente o nível da barragem Área IX, localizada na mina de Fábrica, no município de Ouro Preto, a 100 km de Belo Horizonte, para o nível 2 do protocolo de emergência, quando há risco de rompimento e é recomendada a retirada de moradores.
Segundo a empresa, "a medida tornou-se necessária após alterações piezométricas na ombreira direita da estrutura, associadas às fortes chuvas que atingiram a região, situação que demanda estudos e ações corretivas, já iniciados pela companhia".
A estrutura estava com o protocolo de emergência em nível 1, quando há anormalidade, mas não há necessidade de retirada de moradores vizinhos, desde junho de 2020. De acordo com a mineradora, a barragem está desativada e está contemplada Programa de Descaracterização de Barragens da Vale, ou seja, de desmonte de barragens. Uma lei determina a eliminação de todas as estruturas construídas com método a montante, o mesmo usado em Brumadinho e Mariana, até 2022.
A empresa ainda informa que "não há ocupação permanente de pessoas e não se faz necessária nenhuma evacuação adicional".
A Vale ainda iniciou o protocolo de emergência em nível 1 na barragem do dique Elefante, localizado na mina Água Limpa, no município de Rio Piracicaba, a 127 km de Belo Horizonte. A medida foi tomada após "erosão na ombreira direita da estrutura, também associada às fortes chuvas na região", segundo a mineradora. Apesar do problema, a empresa informou que já executa medidas corretivas no local.
O dique Elefante é usado para contenção de sedimentos e também está em processo de descaracterização. A Vale ressaltou que não houve comprometimento da estabilidade global da estrutura e que não há ocupação permanente de pessoas na Zona de Autossalvamento.
"As alterações nos níveis de emergência das duas barragens foram informadas aos órgãos competentes e às auditorias técnicas do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. As estruturas seguem monitoradas pelas equipes especializadas da Vale e pelos respectivos Engenheiros de Registro. A Vale segue acompanhando o cenário de fortes chuvas em Minas Gerais com foco na segurança de suas barragens. O monitoramento segue sendo realizado 24h por dia, 7 dias por semana, em tempo real, por meio do Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG)", afirma a empresa em nota.
Barragens em emergência
A Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) e o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) vão elaborar um relatório para cada uma das 31 barragens que apresentam algum nível de emergência. O objetivo é avaliar as ações que estão sendo tomadas pelas mineradoras e determinar medidas complementares que deverão ser realizadas, ainda durante o período chuvoso.
O documento será produzido após a análise das informações enviadas pelas três empresas responsáveis pelas estruturas, solicitadas pelo Governo de Minas nesta terça-feira (11) e deve ficar pronto em cinco dias.
Entre os dados, as mineradoras precisaram informar os sobre “a pluviosidade média que incidiu sobre cada barragem, a existência ou não de plano para o período chuvoso, avaliação da performance do sistema de drenagem, anomalias e patologias registradas e as ações que serão adotadas para manutenção e monitoramento das estruturas”, segundo o governo.
Atualmente, das 31 barragens em situação de emergência, 22 estruturas estão em nível 1, seis em nível 2 e três em nível 3, quando há risco iminente de rompimento e moradores são obrigados a sair de suas casas.
No último nível, estão as barragens B3/B4, em Nova Lima, na Grande BH; Forquilha III, em Ouro Preto, a 100 km de Belo Horizonte; e Sul Superior, em Barão de Cocais, a 90 km da capital. Todas as estruturas pertencem à mineradora Vale e as áreas próximas foram evacuadas.
“As graves chuvas afetaram diversas estruturas que necessitarão de contínuo e rigoroso acompanhamento por parte dos órgãos de comando e controle. A partir das informações recebidas serão exigidas das empresas todas as medidas técnicas possíveis e necessárias para garantir a segurança das estruturas”, afirma o coordenador-geral do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (CAOMA) do MPMG, o promotor Carlos Eduardo Ferreira.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Ana Gomes