Minas Gerais Vale aumenta nível de emergência de barragem em Ouro Preto (MG) 

Vale aumenta nível de emergência de barragem em Ouro Preto (MG) 

Governo elabora documento sobre situação das 31 estruturas com riscos, após informações repassadas por mineradoras

Barragem de Ouro Preto (MG) passou para nível 2

Barragem de Ouro Preto (MG) passou para nível 2

Divulgação / Vale

A mineradora Vale elevou temporariamente o nível da barragem Área IX, localizada na mina de Fábrica, no município de Ouro Preto, a 100 km de Belo Horizonte, para o nível 2 do protocolo de emergência, quando há risco de rompimento e é recomendada a retirada de moradores. 

Segundo a empresa, "a medida tornou-se necessária após alterações piezométricas na ombreira direita da estrutura, associadas às fortes chuvas que atingiram a região, situação que demanda estudos e ações corretivas, já iniciados pela companhia".

A estrutura estava com o protocolo de emergência em nível 1, quando há anormalidade, mas não há necessidade de retirada de moradores vizinhos, desde junho de 2020. De acordo com a mineradora, a barragem está desativada e está contemplada Programa de Descaracterização de Barragens da Vale, ou seja, de desmonte de barragens. Uma lei determina a eliminação de todas as estruturas construídas com método a montante, o mesmo usado em Brumadinho e Mariana, até 2022.

A empresa ainda informa que "não há ocupação permanente de pessoas e não se faz necessária nenhuma evacuação adicional".

A Vale ainda iniciou o protocolo de emergência em nível 1 na barragem do dique Elefante, localizado na mina Água Limpa, no município de Rio Piracicaba, a 127 km de Belo Horizonte. A medida foi tomada após "erosão na ombreira direita da estrutura, também associada às fortes chuvas na região", segundo a mineradora. Apesar do problema, a empresa informou que já executa medidas corretivas no local.

O dique Elefante é usado para contenção de sedimentos e também está em processo de descaracterização. A Vale ressaltou que não houve comprometimento da estabilidade global da estrutura e que não há ocupação permanente de pessoas na Zona de Autossalvamento.

"As alterações nos níveis de emergência das duas barragens foram informadas aos órgãos competentes e às auditorias técnicas do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. As estruturas seguem monitoradas pelas equipes especializadas da Vale e pelos respectivos Engenheiros de Registro. A Vale segue acompanhando o cenário de fortes chuvas em Minas Gerais com foco na segurança de suas barragens. O monitoramento segue sendo realizado 24h por dia, 7 dias por semana, em tempo real, por meio do Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG)", afirma a empresa em nota.

Barragens em emergência

A Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) e o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) vão elaborar um relatório para cada uma das 31 barragens que apresentam algum nível de emergência. O objetivo é avaliar as ações que estão sendo tomadas pelas mineradoras e determinar medidas complementares que deverão ser realizadas, ainda durante o período chuvoso.

O documento será produzido após a análise das informações enviadas pelas três empresas responsáveis pelas estruturas, solicitadas pelo Governo de Minas nesta terça-feira (11) e deve ficar pronto em cinco dias.

Entre os dados, as mineradoras precisaram informar os sobre “a pluviosidade média que incidiu sobre cada barragem, a existência ou não de plano para o período chuvoso, avaliação da performance do sistema de drenagem, anomalias e patologias registradas e as ações que serão adotadas para manutenção e monitoramento das estruturas”, segundo o governo.

Atualmente, das 31 barragens em situação de emergência, 22 estruturas estão em nível 1, seis em nível 2 e três em nível 3, quando há risco iminente de rompimento e moradores são obrigados a sair de suas casas.

No último nível, estão as barragens B3/B4, em Nova Lima, na Grande BH; Forquilha III, em Ouro Preto, a 100 km de Belo Horizonte; e Sul Superior, em Barão de Cocais, a 90 km da capital. Todas as estruturas pertencem à mineradora Vale e as áreas próximas foram evacuadas. 

“As graves chuvas afetaram diversas estruturas que necessitarão de contínuo e rigoroso acompanhamento por parte dos órgãos de comando e controle. A partir das informações recebidas serão exigidas das empresas todas as medidas técnicas possíveis e necessárias para garantir a segurança das estruturas”, afirma o coordenador-geral do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (CAOMA) do MPMG, o promotor Carlos Eduardo Ferreira.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Ana Gomes

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