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Vale convoca vizinhos de barragem para voltarem para casa em Minas

Moradores do distrito de Macacos foram retirados de casa em 2019, depois que nível de emergência de barragem passou para 3

Minas Gerais|Akemí Duarte, da RecordTV Minas

Moradora foi alertada para voltar para casa
Moradora foi alertada para voltar para casa

Moradores do distrito de São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, retirados de suas casas em 2019 devido ao risco de rompimento de uma barragem da Vale, foram notificados para retornarem aos imóveis. De acordo com a mineradora, uma nova avaliação garante que as casas não estão mais na área de perigo. No entanto, moradores não se sentem seguros para retornar. 

Dias depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, moradores que viviam perto da barragem B3/B4, da Mina Mar Azul, também da Vale, foram retirados de suas casas. Eles deixaram o local às pressas e no meio da noite, depois que a situação de emergência da barragem foi elevada do nível 1 para o 2. 

A barragem tem aproximadamente 3 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério e é a montante, mesmo modelo das de Brumadinho e Mariana, cujo rompimento matou, ao todo, quase 300 pessoas em 2019 e 2015, respectivamente. 

Confira: Vale dá prazo para famílias voltarem para casas fora da área de risco


Dois anos e meio depois, a Vale começou a entrar em contato com os moradores para que eles retornem a suas casas. A dona de casa Adenilde Evangelista recebeu as primeiras ligações da Vale no final de julho. 

Ela conta que, de uma hora para outra, trocou o sítio onde vivia por quartos de hotéis. Hoje, a família dela ocupa dois quartos de uma pousada


A mulher, que não tinha histórico de problemas psicológicos, desenvolveu uma depressão profunda.

– Eu estava em casa, saí correndo debaixo de chuva. Foi horrível. Uma situação que não quero viver nunca mais. 


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Avaliação

Segundo a Vale, em uma nova avaliação da área de risco, feita em acompanhamento com o Ministério Público, ficou atestado que as casas estão fora da mancha de inundação em um possível rompimento da barragem. A realocação dos moradores, em 2019, tinha sido realizada de forma preventiva, para a segurança dessas famílias, até que o estudo da mancha definitiva fosse concluído e protocolado, o que foi feito em novembro de 2020.

Ainda de acordo com a empresa, as famílias possuem direito a uma indenização e o retorno está condicionado à verificação da condição de habitabilidade do imóvel, conforme consta em Termo de Compromisso firmado com a Defensoria Pública de Minas Gerais.

As famílias que residiam dentro da Zona de Autossalvamento permanecerão em hotéis, pousadas e moradias escolhidas por elas até que o processo de indenização seja concluída. A Prefeitura de Nova Lima afirmou que a Defesa Civil municipal acompanha a situação e que uma análise sobre a habitabilidade dos imóveis foi feita e constatou que eles oferecem condições de moradia.

De acordo com a advogada Deborah Jacques, que representa a família de Adenilde Evangelista, mesmo que a casa onde eles viviam não esteja na área inundada, o terreno está. Ainda segundo ela, os moradores precisariam passar pela zona de risco diariamente para chegar e sair de casa. 

– Imagina o pavor, legítimo, de uma família que vai dormir e acordar na sua residência em que, todo o entorno ali do terreno está inserido na mancha. 

A defesa propôs que a Vale oferecesse uma moradia digna e definitiva para a família, mas o pedido não foi atendido.

A Vale ainda não se posicionou sobre o caso de Adenilde, mas disse que as famílias poderão continuar nos hotéis e nas pousadas até que o processo de indenização a qual elas têm direito seja concluído. 

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