Vale tinha rompimento como improvável, diz engenheiro
Três engenheiros da mineradora foram convocados para prestar depoimento na CPI que investiga a tragédia de Brumadinho na Assembleia de Minas
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7, com Regiane Moreira, da Record TV Minas*
O engenheiro da Vale Felipe Figueiredo Rocha afirmou, nesta quinta-feira (9), que o risco de rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande BH, era visto pela Vale como “improvável”.
Rocha fez a afirmação durante o depoimento que prestou a deputados na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que trata da tragédia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Antes de responder às perguntas dos legisladores, ele pediu para ler um breve resumo sobre quem ele é e as funções que exerce na Vale. “Nunca tive nenhum subordinado, não sou gerente, não tenho poder e nem voz para tomar decisão”, afirmou.
Rocha reforçou ainda que todo o setor da empresa do qual ele faz parte tinha conhecimento dos riscos de rompimento.
— Foi dado publicidade a esses resultados nos painéis com especialistas tanto nacionais quanto internacionais. Vale destacar que era um risco com probabilidade de evento entre 1 em 1.000 anos e 1 em 10.000 anos, que dentro da categoria de risco da Vale era visto como possibilidade classificada como improvável. Mas toda a geotecnia operacional corporativa tinha acesso aos resultados da análise de risco.
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A comissão também ouviu o engenheiro Hélio Márcio Lopes de Cerqueira. O profissional disse que não tinha conhecimento dos riscos na barragem B1, já que trabalha em outra mina e jamais havia participado de alguma reunião a respeito da situação em Brumadinho. Informou também que outros funcionários eram responsáveis pela segurança da barragem.
O depoimento de um terceiro engenheiro está previsto ainda para esta tarde. Desde o início dos trabalhos na Assembleia Legislativa, os deputados ouviram representantes do Ministério Público, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, sobreviventes e representantes de uma empresa que não atestaram a segurança da barragem. Os dois engenheiros da empresa alemã Tüv Süd, que assinaram o laudo, compareceram, mas não responderam às perguntas.
* Com colaboração do estagiário Matheus Renato