Veja o que se sabe sobre a prisão injusta de homem por dois anos na Grande BH
“É uma situação que nenhum ser humano deveria passar”, disse Helvécio dos Santos em sua primeira entrevista
Minas Gerais|Do R7
O assistente de serviços gerais Helvécio dos Santos, preso injustamente durante dois anos, falou abertamente sobre o caso, pela primeira vez, neste domingo (17), em entrevista exclusiva para o Domingo Espetacular.
Na semana passada, o vídeo que mostra o momento da absolvição de Santos emocionou os usuários das redes sociais. As imagens mostram a emoção dele ao receber o veredito. Apesar de terem sido divulgadas recentemente, Helvécio teve sua liberdade restaurada em abril de 2023, dois anos após ter sido preso.
Sem antecedentes criminais, Helvécio esperou pelo julgamento na cadeia e foi apresentado a um mundo diferente. “Eu acho que é uma situação que nenhum ser humano deveria passar. Só quem tava lá dentro, sabe”, falou emocionado sobre o tempo vivido dentro da prisão na Grande BH.
Durante dois anos, a mãe do assistente de serviços visitou o filho todos os finais de semana. “A gente sabia que ele era inocente e era dolorido saber que o filho está em um lugar que não deveria estar”, falou Wânia do Carmo. A Justiça negou todos os pedidos de habeas corpus da defesa.
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Pouco mais de um ano de ter sido solto, Helvécio luta para reconstruir a vida. ““Estou feliz por estar livre disso tudo, mas estou com sentimento de falta de alguma coisa”, não sei dizer o que.
Prisão
Helvécio estava em uma festa de aniversário quando presenciou uma briga na rua. Ele conta que tentou separar os envolvidos e foi empurrado, por um deles, em um córrego. Ele chegou a torcer o pé e voltou para casa, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH. Um dos envolvidos na briga foi perseguido por outras três pessoas e morto a pedradas. No dia seguinte, a polícia foi até a casa de Helvécio, ele foi levado para prestar depoimento e teve a prisão provisória decretada pelo delegado.
Julgamento
O julgamento durou 10 horas. Entre debates de promotores e advogados, oito testemunhas foram ouvidas, todas negaram o envolvimento dele no crime. Antes mesmo de ouvir a decisão final dos jurados, Helvécio chorava com medo do que poderia acontecer. “Ele tremia tanto que dava para ouvir as algemas batendo de tanto que ele tremia”, contou a advogada Isabela Ribeiro.
Indenização
Apesar de não ter antecedentes criminais, ter carteira assinada e testemunhas que afirmavam sua inocência, a prisão de Helvécio foi convertida para preventiva e ele precisou esperar pelo julgamento na cadeia. Os advogados que acompanharam o caso investigaram por conta própria o caso com o objetivo de provar que ele era inocente. Os laudos apontavam que não havia nenhuma prova material contra ele, as principais testemunhas diziam que ele não havia participado da briga e a polícia descobriu que o crime poderia ter sido um acerto de compras entre traficantes.
Agora, os mesmos advogados tentam uma indenização, mínima que seja, pelo tempo que passou injustamente na prisão. “Nós temos uma ação em trâmite para a gente tentar reparar minimamente os danos que ele sofreu”, falou o advogado Yuri Araújo.
Um ano depois, Helvécio reencontrou os advogados que o ajudaram a prova sua inocência. Veja no vídeo abaixo: