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Novo coronavírus não é tão brando entre os jovens

Embora não seja o público de maior risco, jovens também registram casos com evoluções graves de Covid-19

Folha de Pernambuco|Do R7

Embora não seja o público de maior risco, jovens também registram casos com evoluções graves de Covid-19
Embora não seja o público de maior risco, jovens também registram casos com evoluções graves de Covid-19

"Vocês não são invencíveis." A morte anunciada nesta quinta-feira (26) de uma adolescente francesa de 16 anos, seguida do caso de uma jovem na Califórnia, parece uma confirmação cruel dos avisos feitos aos jovens: o novo coronavírus atinge mais os idosos, mas está longe de ser um doença leve para os demais.

As mortes pela Covid-19 são excepcionais entre os mais jovens, mas "formas graves da doença que resultam em hospitalização, incluindo cuidados intensivos ou morte, podem ocorrer em adultos de todas as idades", alertam autoridades de saúde norte-americanas em um relatório.

O vírus "afeta predominantemente pacientes idosos com comorbidades" - doenças pré-existentes -, lembrou nesta sexta-feira (27) o professor Bruno Riou, responsável do hospital universitário de Paris (AP-HP), após o anúncio da morte da jovem Julie A.

Mas "a partir do momento em que há cada vez mais pacientes afetados, há cada vez mais pacientes graves, e mesmo que a população dos mais jovens tenha um risco individual extremamente baixo (...), naturalmente haverá alguns pacientes gravemente doentes entre os mais jovens", ressaltou.


Nos Estados Unidos, a faixa etária entre 20 e 44 anos representa 29% dos casos confirmados, 20% dos pacientes hospitalizados por Covid-19 e 12% dos casos admitidos em terapia intensiva, de acordo com um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) cobrindo 2.500 pacientes listados até 16 de março.

Os menores de 20 anos são muito menos numerosos, representando menos de 1% das internações e nenhum paciente em terapia intensiva.


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 Na França, dos quase 14 mil casos confirmados em 20 de março, 30,6% tinham entre 15 e 44 anos, segundo dados publicados nesta quinta-feira pela Saúde Pública. E de uma amostra de 362 pessoas em terapia intensiva, 8% pertenciam a essa faixa etária, mais da metade das quais não apresentava fator de risco conhecido (diabetes, doenças cardíacas, obesidade)

"Não é uma piada"

Mesmo entre as pessoas afetadas por formas menos severas, há evidências crescentes para alertar que o novo coronavírus é muito mais sério do que um simples resfriado.

"A Covid-19 não é brincadeira", alertou o campeão sul-africano de natação Cameron van der Burgh, 31 anos, citando ser, "de longe, o pior vírus que já contraí, apesar de ser um indivíduo saudável, com pulmões fortes (não fumar/praticar esportes), levar uma vida saudável e ser jovem".

Febre alta, fadiga severa, dificuldade para respirar... Como ele, outros evocam sintomas muito incapacitantes da doença. Daí os muitos alertas para conscientizar os jovens dos riscos.

"Os jovens também podem ser atingidos. Saibam que seu comportamento pode salvar uma vida ou custar uma vida. E que essa vida pode ser a sua", alertou na terça-feira o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti.

"Vocês não são invencíveis. Esse vírus pode levá-los ao hospital por semanas - e até matá-los", disse há uma semana o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Custo-benefício"

Nos Estados Unidos, imagens de estudantes aproveitando suas "férias de primavera", como se nada estivesse acontecendo, chocaram. E na França, onde o confinamento está em vigor desde 17 de março, vários exemplos de adolescentes desrespeitando as recomendações num passeio na floresta, em um jogo de futebol ou surfando mostram que a ameaça não é levada a sério.

Esses comportamentos não dizem respeito apenas aos jovens, mas são incentivados pelas informações apresentadas desde o início da epidemia de que os idosos são os que mais correm risco.

De fato, "a relação custo/benefício do confinamento é maior entre os jovens: se eles pensam principalmente em seu interesse egoísta, são os que têm mais interesse em continuar a sair", explica à AFP Romain Espinosa, pesquisador do CNRS, especializado no estudo do comportamento. Ele também enfatiza que o isolamento pode pesar mais sobre os jovens "que têm uma vida social forte".

"Acho que a mensagem sobre quem a Covid-19 pode infectar e quem pode sofrer uma infecção grave foi deturpada", estima Alan McNally, diretor do Instituto de Microbiologia da Universidade de Birmingham (Reino Unido). "Se você é um jovem adulto saudável, tem uma obrigação social e moral de agir com responsabilidade e praticar o distanciamento social (...) No mínimo, interromperá ou evitará uma cadeia de transmissão", assinala o pesquisador. 

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