Acordo Mercosul-UE: adiamento gera frustração, mas indústria mantém otimismo
Apesar da postergação, CNI acredita na assinatura em janeiro; para o setor, tratado é oportunidade de integrar Brasil a um dos maiores mercados do mundo

Após mais de 25 anos de negociações, a expectativa da indústria era de que o acordo de livre comércio entre Mercosul-União Europeia fosse formalizado na 67ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul.
No entanto, a falta de consenso entre os países europeus resultou no adiamento da assinatura, um revés que gerou preocupação na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Apesar disso, a CNI e o setor industrial mantêm a esperança e acreditam que o diálogo prevalecerá. A expectativa é que as condições políticas necessárias para a conclusão do tratado sejam construídas até o início do próximo ano.
“Adiar a assinatura do acordo neste momento é motivo de frustração, especialmente diante do longo histórico de negociações, mas esperamos que o empenho em firmar essa parceria seja mantido para que o processo seja concluído o quanto antes, em benefício de uma integração econômica do Mercosul com a União Europeia”, avalia o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Apesar da situação, a CNI espera que o empenho em fechar o Acordo Mercosul-UE seja mantido, consolidando uma relação econômica que já é sólida e madura.
Em entrevista no programa Bom dia, Ministro, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, lamentou o não fechamento do acordo com a UE. “Não há mais o que negociar. Vamos direcionar nossas energias a outros parceiros que temos em vista”, disse. Agora, a mira está em novos parceiros comerciais, com interesse já demonstrado. Cadaná e Reino Unido, por exemplo.

No encontro que ocorre em Foz do Iguaçu, governo brasileiro vai mostrar em relatório acordos comerciais do Mercosul fechados com outros blocos econômicos. Um deles, o EFTA. Ele é o concorrente da união europeia e promove o livre comércio e a integração econômica entre Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Para se ter ideia, são mais de 270 milhões de consumidores no Mercosul. Em 2024, a Suíça exportou bens que somam mais de 4 bilhões de francos suíços para a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, um aumento de 32% em relação a 2014.
Com o acordo, quase 95% das exportações suíças para os países do Mercosul ficarão totalmente isentas de impostos, após o término dos prazos de redução tarifária. O que permitirá garantir uma economia de até 180 milhões de francos suíços por ano, mais de um bilhão e 200 milhões de reais.
Juntas, as economias do Mercosul e do bloco europeu somam mais de US$ 4 trilhões.
Oportunidade Estratégica para o Brasil
O texto negociado é considerado um equilíbrio sólido entre interesses econômicos, sociais e ambientais de ambos os blocos. Para a indústria brasileira, o Acordo Mercosul-UE representa uma porta para:
- Ampliar a Inserção Internacional: Integrar o Brasil a um dos maiores mercados do mundo.
- Atrair Investimentos: Criar um ambiente de negócios mais previsível e alinhado com as melhores práticas internacionais, estimulando o aporte de capital estrangeiro.
- Fortalecer a Competitividade e a Produtividade: Facilitar o acesso a insumos, tecnologias e bens de maior valor agregado da UE.
Impacto Econômico e a Importância da Parceria
Os números mostram a relevância dessa relação:
- Parceiro Central: Em 2024, a União Europeia foi o segundo principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por 14,3% das exportações e 17,9% das importações.
- Motor de Emprego: Em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado para a UE, foram criados 21,8 mil empregos e movimentados R$ 441,7 milhões em massa salarial.
- Investimento Estrangeiro: A UE é o principal investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de US$ 321,4 bilhões em 2023.
Além dos benefícios comerciais, o acordo traz regras modernas em áreas cruciais como desenvolvimento sustentável, propriedade intelectual e facilitação de comércio, além de prever cooperação científica e tecnológica em P&D em áreas de fronteira (como captura de carbono e minerais críticos).
Agenda ativa de inserção internacional
Diante do adiamento, a CNI, que atua na defesa do acordo por meio da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), reforça a necessidade de o Brasil manter uma agenda ativa e pragmática de inserção internacional.
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