Anotações sobre o dia em que São Paulo parou
Sabemos o que eles disseram no verão passado
Augusto Nunes|Do R7 e Augusto Nunes

1- Chuva de verão não é um desastre natural. Esta categoria abrange apenas fenômenos imprevisíveis: um furacão, uma erupção vulcânica, um tsunami. O temporal desta segunda-feira foi menos surpreendente que a amputação do plural num discurso de Lula.
2- Tão aflitiva quanto a tempestade é a lenga-lenga repetida a cada ano pelos encarregados de prevenir tragédias do gênero e abrandar suas consequências. O aguaceiro correspondeu a quase 100% do previsto para o mês, os bueiros estão entupidos, as obras no Tietê e no Pinheiros sofreram atrasos inesperados, a desordenada ocupação do solo precisa ser duramente combatida, é essencial erradicar os maus hábitos da população — essas platitudes e obviedades de sempre. Foi o que eles disseram no verão passado. É o que dirão no começo de 2021.
3- O prefeito Bruno Covas deve dar prioridade total à luta contra o câncer. Que tal incumbir alguém de assumir as funções que, por enquanto, não tem condições de exercer?
4- Ou o governador João Doria volta imediatamente ao Brasil ou Rodrigo Garcia assume de fato a chefia do Executivo. Os estragos provocados pelas chuvas atormentam o Estado inteiro.
5- Todos os governantes — prefeitos incluídos — estão intimados a divulgar quanto investiram nos últimos 12 meses, e em quais obras, para impedir a reprise do absurdo.
É isso. Por enquanto.
