Coragem, prefeitos
Não esperem que todos os vírus resolvam subitamente voar de volta à China em formação de esquadrilha
Augusto Nunes|Do R7 e Augusto Nunes
Nem os otimistas mais delirantes imaginam que todos os vírus chineses que agem por aqui logo logo voarão de volta ao país natal, em formação de esquadrilha, para permitir que o Brasil possa dedicar-se a outras urgências. Recuperar a economia nocauteada pelo desastre sanitário, por exemplo. E buscar alguma forma de trégua entre adversários políticos que preferem guerrear entre si a combater em sintonia o inimigo comum.
Da mesma forma, nem os mais apaixonados devotos do isolamento social imaginam possível a prorrogação por tempo indeterminado da quarentena para todos. É cada vez maior o número de brasileiros que desobedecem as regras do confinamento. Isso ocorre também porque as autoridades que recitam de meia em meia hora o "fique em casa" passam o dia fora de casa, quase sempre cercadas por pequenas multidões de assessores. Sem máscaras nem luvas.
Feitas tais constatações, surge a pergunta inevitável: o que esperam os governantes municipais, que administram cidades sem um único caso confirmado de coronavírus, para seguir o exemplo de Ribeirão Preto? Nesta terça-feira, 28 de abril, os mais de 700 000 habitantes iniciaram o regresso à vida normal. A epidemia está sob controle, seguem disponíveis quase 80% dos leitos de UTI. Medidas preventivas continuarão em vigor, mas serão progressivamente abrandadas.
Não custa lembrar, enfim, que não existe vida sem risco. Coragem, prefeitos!
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